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17 julho 2010

Templo, de Matthew Reilly

"Sou agora um homem velho, frágil e carcomido, sentado numa mesa do mosteiro, escrevendo sob a luz de uma vela." (p. 455)

TemploMatthew Reilly

Há mais ou menos uma semana, eu estava passeando com minha amiga Natália por entre as estantes de uma livraria qualquer da cidade, quando, por obra do acaso, meus olhos caíram sobre um exemplar de Templo (Temple, 1999), romance escrito pelo australiano Matthew Reilly. Li a sinopse do livro e comentei com Natália: "Não se parece com aquelas histórias de aventura que eu escrevia quando era mais novo?" Na época, Natália fora uma das únicas pessoas que as leram. E ela respondeu: "Realmente, se parece até demais." Deu de ombros. "Compre."

Embora nunca tivesse ouvido falar de Reilly até então, eu comprei o volume e finalizei a leitura hoje pela manhã. Graficamente falando, o livro – que foi lançado pela editora Record aqui no Brasil – recebeu um ótimo trato e ficou bastante apresentável. Os detalhes da capa (relevos e tinta levemente áspera) são atraentes e bem feitos, e no miolo a tipografia é boa, sem aqueles borrões terríveis que povoam as letras dos livros da Record.

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Sinopse: Na perigosa selva do Peru, começa a corrida para localizar um lendário tesouro inca, esculpido em uma pedra rara feita de tírio, um elemento químico não encontrado no planeta Terra. Só que a relíquia pode ser usada para levar o mundo à total aniquilação, uma vez que o tírio é a peça que falta para pôr em funcionamento a Supernova, um artefato poderoso capaz de exterminar 2/3 do globo. Na disputa, o governo americano e um grupo paramilitar neonazista empregam todos os seus esforços. E a caçada em busca do ídolo inca já começou.

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Em 1997, Matthew Reilly escreveu um livro chamado Estação polar, que, imediatamente após ter sido publicado, virou um best-seller internacional. Nessa época, Reilly tinha apenas 23 anos de idade e estudava Direito. Provavelmente, com o sucesso do seu primeiro livro e o conseqüente dinheiro que arrecadou dos direitos autorais, o jovem Reilly abandonou a faculdade e dedicou-se à atividade de literato em tempo integral. E então, dois anos depois, em 1999, publicou Templo.

Devorei o livro e adorei. Ele me fez lembrar do tempo em que eu escrevia histórias de aventura passadas em países como México e Peru, em que um grupo de arqueólogos arriscava sua vida entrando em templos misteriosos para obter uma espécie de ídolo perdido e valioso, fosse de origem inca, asteca ou maia – uma sociedade pré-colombiana qualquer. E o livro de Reilly, assim como as minhas antigas histórias, preza pela aventura ao estilo antigo, a la Indiana Jones: florestas com névoas sinistras, templos misteriosos e perigosos, perseguições impossíveis e um punhado de pessoas que lutam para pôr as mãos no tesouro antes que a equipe concorrente, a vilã, faça isso.

Reilly é um cara absurdamente fã de filmes de ação, e, como é de se esperar, ele transporta esse gosto especial para os livros. Suas personagens vivem situações fantásticas, quase absurdas – o professor Race passando de um avião para outro em pleno ar é apenas um exemplo – e seus heróis experimentam eventos em que a adrenalina tem um papel crucial.

De certo modo, não posso negar: isso faz com que o livro perca pontos, pois as situações são tão exageradas que fica difícil engoli-las normalmente – ainda mais depois de constatar que as personagens saem incólumes das provações. Mas… creio que quem procura um livro de ação e aventura não pode se importar muito com isso, senão sai perdendo.

Edição norte-americanaEdição espanhola

Algo que convém ser trazido à tona é o fato de que Reilly possui um estilo muito parecido com o de Dan Brown. Até mesmo seu livro Estação polar tem uma semelhança de enredo indiscutível com Ponto de impacto. Porém… feitas as contas, vemos que Reilly é precursor de Brown: enquanto o australiano escrevia Templo – um de seus últimos livros até agora –, o americano começava a publicar Fortaleza Digital, seu primeiro romance. Sendo assim, a vontade de dizer que Matthew Reilly copiou Dan Brown rui por terra. (E o mais impressionante é que William Race, protagonista de Templo, tem uma semelhança incrível com Robert Langdon.)

Mas, enfim, os fãs de narrativas dinâmicas e com ritmo cinematográfico irão se deleitar lendo as aventuras desses dois escritores. Além do mais, Reilly – assim como Dan Brown – escreve muito bem, e com as descrições que ele faz fica fácil imaginar as atmosferas e os lugares apresentados na história.

Ah, antes que eu me esqueça, fica aqui a reclamação sobre a péssima tradução de Marcos Demoro. Não se trata nem de erros textuais – seria pior se fosse – mas de erros de ortografia, como vírgulas em lugares errados, pontuações mal-feitas, verbos mal-conjugados e concordâncias erradas (como "1,8 bilhões de dólares"). Nada que comprometa a leitura, óbvio, mas um livro não pode cometer deslizes assim.

Conclusão: aventura divertida e um ótimo passatempo. Bastante recomendado!

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"É próprio da natureza humana o desejo de dominar o semelhante. Algo que vem sob muitos disfarces, muitas formas, das políticas de gabinete às limpezas étnicas, e é praticado por todos nós, do mais baixo escalão ao presidente da República (…). Mas a essência permanece a mesma. Diz respeito ao poder e ao predomínio. Mas é um câncer que devasta o mundo e que deve ser extirpado." (p. 492)

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10 comentários:

  1. Este deve ser um livro bom, veja como esse jovem escritor faz juz da sua paixão pela ação. Ainda não o li, mas falando em arqueologia e Segunda Guerra, ano passado "devorei" em poucos dias O Último Segredo do Templo" que se configura um romance policial.
    Avante no blog tá muito bom!

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  2. Olá, Gustavo! É bom vê-lo por aqui.
    'Templo' é um livro muito bom, vale a pena. Quanto a 'O último segredo do templo', fiquei curioso! Vou dar uma olhada quando tiver a oportunidade.

    Abraços, e obrigado pelo apoio!

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  3. Oi Marlo!
    Realmente, quando comecei a ler sua resenha me lembrei de Dan Brown. A sinopse tbm me fez pensar em filmes de aventura estilo Disney.
    Não é mto o meu estilo de leitura! :p Mas como sempre, ótima resenha! E vc presta atenção aos detalhes. Esses erros no texto são imperdoáveis mesmo, né? Vai ver eles querem economizar na hora de contratar um bom profissional! rs
    Abraço!

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  4. Oi, Marina!
    Obrigado por ter gostado da resenha! Livros de aventura não são mais a minha predileção (já foram um dia, quando eu era criança), mas agora de vez em quando eles caem bem... rsrs.
    Realmente, esses erros no texto passam atravessados pela minha garganta... hehe. Acho que as editoras (e os tradutores) deveriam ter mais cuidado com isso, para que a reputação dos livros em geral não caia.
    Abraços!

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  5. Parece um livro interessante, mas assim como a Marina não faz muito o meu estilo. Por mais que deva ser uma alternativa legal pra quebrar um pouco leituras mais 'pesadas'.

    Agora só um detalhe... Erros de gramática e etc são erros de revisão, não? Pra mim tradução ruim é quando você percebe que a tradução não foi satisfatória, tipo tradução direta de alguns termos. Mas realmente é inaceitável.

    Abraço!

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  6. Olá, Faru!

    Realmente... Mas erros de revisão geralmente são poucos, tanto que você os conta nos dedos. E normalmente são erros de digitação, como letras trocadas ou sinais ausentes. Nesse livro, os erros são quase seqüenciais, o que me deixou com a impressão de ser um erro de tradução mesmo... E é mais no português puro.

    Mas sei lá... de qualquer forma é evidente que o trabalho foi feito apressado. ^^

    Abraço!

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  7. Marlo, obrigado pela visita no meu mundo e parabéns pelo blog! Eu sei o trabalho que dá...

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  8. Obrigado, Kovacs! Seu espaço é muito interessante; tenho apreço por blogs que falam sobre literatura. E, sim, mantê-los dá trabalho mesmo... hehe.

    Abraço!

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  9. Muito bom o Blog, quanto ao Michel Reilly recomendo o Estação Polar, livro muito bom, leitura rapida e cheia de ação. Virei fã do cara e comprei tambem o Area 7. Todos no mesmo estilo.

    abraços

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  10. Olá, Anônimo!

    Obrigado pelo elogio! Matthew Reilly realmente é um escritor de palavras e enredos rápidos, o leitor mal consegue respirar nas cenas de ação...

    Gratos pelas sugestões. Já pensei em adquirir as duas obras que você citou!

    Grande abraço!

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