Pesquisar neste Blog

19 setembro 2011

O Senhor das Moscas, de William Golding

"A verdade é que o medo não pode machucar vocês mais do que um sonho." (p. 92)
333 igoldig001p1
Durante a madrugada deste dia, finalizei a leitura do livro O Senhor das Moscas (The Lord of the Flies, 1953), escrito pelo britânico William Golding, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1983, dado pelo conjunto de sua obra. Numa incrível coincidência, acabo de descobrir que Golding completaria 100 anos de idade hoje, caso não tivesse morrido de insuficiência cardíaca há quase duas décadas.

Ele deixou para trás uma obra famosíssima: O Senhor das Moscas. Às vezes, o glamour de um clássico se dá mais pelo mito que se criou em volta dele do que pela qualidade da obra em si. É o que eu percebo em alguns livros que são tidos como "imortais" e "um dos melhores de todos os tempos": pouca qualidade artística e muito confete jogado em cima deles, tanto pela crítica quanto pelo público.

O Senhor das Moscas se situa numa espécie de meio-termo entre os clássicos que são bons pela qualidade que possuem e os clássicos que são lembrados apenas por sua excentricidade. No balanço geral, entretanto, considero a obra-prima de Golding de fato um ótimo romance, que deve ser lido por todos aqueles que se interessam por análises sociais fornecidas pela literatura.


Sinopse: Um avião lotado de crianças e adolescentes cai numa ilha deserta. Os jovens sobrevivem e, aos poucos, vão se reunindo num grande grupo. Em assembléia, os meninos designam um líder. Longe dos códigos que regulam a sociedade dos adultos, esses jovens terão de inventar uma nova civilização, alicerçada exclusivamente nos recursos naturais da ilha e em suas próprias fantasias.

osenhordasmoscas 
Edição de 1983 da Nova Fronteira e edição no original inglês


Quando o livro foi lançado pela primeira vez, na metade do século passado, não tardou muito para que a crítica o rotulasse como uma parábola moderna sobre as relações primitivas entre seres humanos, ou como uma fábula política que retratava as várias facetas (ou máscaras) que o Homem pode assumir quando em contato com seus semelhantes.

De fato, vários elementos da história fazem referência a elementos da nossa sociedade: é o caso da fogueira dos meninos, que simboliza a civilização e o bom-senso; da concha, que faz referência à ordem e à democracia; do Bicho, que, nos dias atuais, bem que poderia ser relacionado ao medo que as pessoas têm do terrorismo invisível que está em todas as partes. Diversos detalhes que Golding pôs em sua trama seguem o exemplo de leis específicas que regem o comportamento humano em grupo, e, nesse caso, O Senhor das Moscas é um estudo perfeito para os interessados no tema.

É interessante acompanhar os personagens com cuidado, já que todos eles têm uma personalidade bem própria de cada um, e essa personalidade varia de acordo com os contatos que são feitos entre os garotos. O líder Ralph, por exemplo, vai amadurecendo ao longo dos capítulos, e sua postura é alterada dependendo do grupo ao qual ele se dirige – se se dirige aos "pequenos", Ralph fala tal qual um político querido ao seu povo; se está com Jack, suas palavras tornam-se mais cautelosas e breves.


untitled
Cena da primeira adaptação cinematográfica do livro (1963)

Os diálogos entre os personagens são pra lá de excelentes, responsáveis pela maior parte da qualidade do livro. Eu sempre achava interessantíssimo quando Ralph convocava uma reunião de emergência entre os meninos, adotando uma postura séria e às vezes demagoga que pode ser percebida hoje em dia em muitos líderes de Estado. Nessas horas, Porquinho (personagem mais notável do livro) servia como uma espécie de conselheiro e braço direito de Ralph. Não dá para deixar de fazer um paralelo com o nosso distorcido sistema democrático.

Por mais que o leitor não simpatize com nenhum personagem logo no início do livro, uma hora ou outra ele vai tomar o partido de alguém. É extremamente difícil ficar neutro durante os debates entre os garotos; sempre aparece aquele do qual você discorda e com o qual você concorda. A frase que abre esta resenha, de longe a melhor frase do romance, foi tirada do diálogo de um desses debates entre os personagens.

A parte mais interessante da história acontece quando o grupo de selvagens é criado, em resposta ao grupo civilizado e organizado. Não vou falar muito sobre isso para não estragar a surpresa de quem vai ler o livro. Mas, sem dúvida, posso garantir que é a parte que ilumina a obra e, de quebra, cria toda a ação dos três últimos capítulos.

3d36f_2
Cena do remake do primeiro filme baseado no livro (1990)

O único fato relativamente negativo de O Senhor das Moscas é que ele é um romance descritivo demais. Várias páginas no decorrer do livro procuram pintar um quadro exato da natureza claustrofóbica da ilha, e isso toma o lugar das descrições psicológicas dos personagens, muitas vezes. Não que seja algo totalmente ruim; definir o cenário da trama é, aliás, imprescindível. Mas fiquei com a sensação de que ele poderia ter feito a mesma coisa com os personagens. Não raro eu sentia falta de um aprofundamento psicológico, de um parágrafo intimista, de um diálogo mais extenso.

E é aí que entra a minha colocação de que o livro é, em parte, dotado de uma certa aura mística que ajuda a consumar sua fama. Há uma espécie de lacuna na obra que é preenchida pela boa vontade e entusiasmo antecipado do leitor, sem dúvida. Não quero, com isso, dizer que o romance é ruim. Não mesmo! Adorei tê-lo lido. Apenas prefiro classificá-lo como uma aventura dotada de muitos elementos sociológicos, e não como um estudo social digno de figurar nos compêndios do tema.

Mesmo assim, a qualidade literária da obra não é prejudicada nem um pouco. O romance continua sendo uma referência no campo ficcional dos livros de naufrágios, com mérito. De acordo com o prefaciador Santiago Nazarian, quando William Golding escreveu O Senhor das Moscas, livros que retratavam pessoas perdidas em ilhas não eram nenhuma novidade. No entanto, o que fez com que a obra do inglês se destacasse das demais foi a maneira com que ele abordou o tema – até então, inédita – na qual podemos vislumbrar um estudo tímido sobre a invenção da selvageria.


O Senhor das Moscas (1953)

William Golding

220 páginas

Editora Nova Fronteira

Nota: 8,5 / 10

11 setembro 2011

11 de Setembro de 2001, 8:46 a.m.

Quem viu ao vivo, não esquece. O World Trade Center é a veia aberta dos Estados Unidos.

1v11tsncfdd460mwbb9j8t3jr

Ontem, no dia 10 de setembro, meu irmão completou 29 anos de idade. Há dez anos, portanto, acontecia exatamente a mesma coisa: minha pequena família comemorava o aniversário dele. Era 10 de setembro de 2001, estávamos em uma segunda-feira agitada, alguns tios vinham nos visitar de hora em hora, e lembro que ganhei o direito de não ir para o colégio nesse dia.

No fundo, era um 10 de setembro como qualquer outro que havia existido até então. Como criança, eu gostava dessa data porque era o dia em que, por hábito, mamãe fazia bolo de chocolate e deixava eu comer quantos brigadeiros quisesse. O meu vizinho (criança, como eu) passava lá em casa também, e geralmente ficávamos eu, ele e meu irmão jogando Ludo ou baralho. 10 de setembro era, no frigir dos ovos, um dia que trazia uma animação à qual eu estava habituado. Um dia comum, em vários os aspectos, tirando o fato de que meu irmão sempre ficava mais velho e eu tinha carta branca para comer doces e faltar aula.

O aniversário do meu irmão naquele ano seguiu, portanto, sua rotina de praxe. Mas do dia seguinte eu nunca irei esquecer, naturalmente, assim como bilhões de outras pessoas ao redor do mundo também não. Afinal, ninguém tinha idéia do que aconteceria na terça-feira daquela semana.



Lembro que eu me levantei da cama de manhã cedo, tomei um café com pão e fui ligar a TV do meu quarto para jogar video-game. Como eu estudava no colégio à tarde, tinha a manhã toda para me divertir, e jogar video-game era uma das prioridades na minha lista de coisas a fazer. Assim, fui a primeira pessoa em casa a entrar em contato com a notícia. Mas que criança de 9 anos entenderia a dimensão daquela catástrofe?

Quando a imagem da televisão se materializou por completo na minha frente, vi um prédio alto pegando fogo. Uma fumaça negra e densa subia violentamente para o céu e se espalhava sobre a cidade de Nova York. No canto inferior direito da tela, estava escrita a clássica expressão ao vivo. De início, não dava para saber com precisão do que se tratava: era um prédio pegando fogo no centro comercial de Nova York e, não sei por quê, esse fato pareceu banal para mim.

Mudei de canal e liguei meu Super Nintendo. Cinco minutos depois, minha mãe me chamava da sala, com uma urgência estranha e assustada na voz. "Olha", ela me disse, apontando para a televisão, enquanto eu ia esbugalhando os olhos e assistia à notícia que havia deixado passar há pouquíssimo tempo.


setembro_0009


Então meu pai e meu irmão se aproximaram também. Ficamos os quatro assistindo bestificados àquilo tudo, àquela tragédia bizarra que era assustadora nos menores detalhes: desde as sirenes de ambulância soando nas ruas de Manhattan até as pessoas caindo do World Trade Center, deliberadamente. Lembro que a cidade de Belém estava toda silenciosa naquela manhã, uma coisa que não era muito comum em um dia da semana; acho que estavam todos vendo televisão no mesmo momento e ninguém falava absolutamente nada.

Quando o segundo avião se chocou contra a Torre Sul, todas as pessoas tiveram a súbita certeza de que se tratava de um ataque terrorista. O engraçado é que, a meu modo, eu já tinha essa certeza antes mesmo disso acontecer. Na minha singela opinião de criança, um avião não poderia colidir por acidente com um prédio daquele tamanho; de propósito, alguém tinha direcionado ele para lá. Então, quando o segundo avião veio, só pude pensar: Eles querem destruir a outra torre também, é isso.


3333 Torres Gemelas


11 de setembro de 2001 entrou para o conjunto de datas de que as pessoas nunca se esquecerão, principalmente aquelas que viveram o episódio e têm uma lembrança nítida dele, como eu. Faz parte do grupo de datas que você carrega durante toda sua vida na cabeça, como uma lembrança, geralmente acompanhada da frase "Quando aconteceu, eu estava fazendo tal coisa". Foi assim com a morte de Ayrton Senna, por exemplo. Foi assim com a morte da princesa Diana e do presidente Getúlio Vargas.

Depois dos atentados terroristas em Nova York eu percebi, com uma clareza maior que antes, o quanto o mundo é um lugar difícil para viver – o quanto ele pode ser perigoso e cruel, uma vez que nem todas as pessoas concordam umas com as outras. Seqüestrar vários aviões cheios de gente e lançá-los contra alvos em terra é uma ação que eu demorei muitos e muitos anos para entender e digerir – se é que de fato eu a digeri por completo. Ler sobre o Holocausto nos livros de História é uma coisa diferente de ver ao vivo várias pessoas se atirando de prédios em chamas, a centenas de metros do chão. Quando se vive o episódio, quando o vemos "com os próprios olhos", a coisa é diferente: marca uma informação na nossa consciência como que a ferro em brasa.


01

A homenagem habitual feita às torres ao longo da década


Hoje o mundo inteiro está lembrando os acontecimentos do dia 11 de setembro de 2001. Uma década se passou desde então: uma década de guerra, sofrimento, medo e crueldade. Não é a melhor maneira de começar um século, sem dúvida. Se os dez primeiros anos do século 21 foram vividos dessa maneira, o que esperar dos próximos tempos? Depois de um período de guerras, sobrevém a paz? O que esperar? Mais guerras, mais desavenças? Até quando?

Escrevi esta crônica como uma espécie de referência a esse episódio que marcou tanto a vida de milhões de pessoas. Sempre me abalei com o 11 de Setembro. Até hoje, paro o que estiver fazendo para assistir a um vídeo sobre os atentados, ou ler uma notícia, ou o que quer que seja. Aliás, há algum tempo li um livro intitulado 102 minutos, escrito por Jim Dwyer e Kevin Flynn, que discorre sobre a luta pela sobrevivência dentro das torres do World Trade Center, no momento dos ataques. A resenha sobre o livro feita no blog pode ser acessada por aqui.


memorial

O "Marco Zero" reconstruído: nova definição do panorama da cidade


Logo após os atentados terroristas, eu, na minha ingênua compreensão do mundo, num lampejo de certeza, percebi que aquele assunto não se esgotaria naquele dia. Nem mesmo naquela semana. Só não podia prever que duraria tanto tempo, a ponto de eu escrever, dez anos depois, um texto sobre o acontecimento no meu blog. Naquela época ninguém sabia sequer o que era um blog.

Ontem, através de alguns vídeos veiculados pela agência de notícias Reuters, fiquei sabendo que o prédio que substituirá as Torres Gêmeas já está perto de ser finalizado. A praça arborizada aos seus pés, que servirá de memorial para as vítimas, deve ser inaugurada no dia 12 deste mês. Pelas fotos que tive a oportunidade de ver, é um lugar bonito e triste ao mesmo tempo. Paira no ar uma mistura confusa de lamento, dor, saudade e patriotismo. De qualquer modo, como eu disse, é um lugar bonito, e é um local que não poderia deixar de existir. Aquela praça deixa clara, sobretudo, a idéia de que as pessoas de hoje pretendem transmitir o peso dessa tragédia às gerações futuras – com a esperança de que coisas semelhantes não se repitam, na melhor das hipóteses.

03 setembro 2011

A questão da tecnologia nas escolas

Tablets devem substituir livros? Será essa, de fato, a pergunta central?

sala-de-aula

De uns tempos para cá – mais especificamente, desde que surgiram os e-books e os e-readers –, muitas pessoas passaram a discutir o futuro dos livros físicos. Há quem defenda a idéia de que brochuras impressas são coisa do passado e serão facilmente substituídas por arquivos eletrônicos, assim como há, também, quem pense que as mídias digitais jamais terão o poder de acabar com os livros palpáveis. É uma discussão longa e acalorada, na qual estão incluídos muitos especialistas e muitos "leigos" que gostam de dar um palpite de plantão (eu, por exemplo).

Como grande apreciador da literatura e de tudo o que faz referência a ela, eu acredito que a tela dura de um e-reader não substitui uma folha de papel maleável e bem impressa. Com as mãos em um objeto dessa natureza tecnológica, nunca vou conseguir me concentrar direito em um livro de Tolstói ou Henry David Thoreau, por exemplo. Essa rejeição pode ser explicada em termos de romantismo da minha parte, mas a literatura é feita exatamente deste estofo: romantismo. É uma questão de conforto de espírito. No meu caso, ler um livro em um e-reader é uma experiência muito inferior a ler um livro em uma edição impressa e bem feita, por vários motivos pessoais.

De qualquer modo, a idéia deste post não é discutir o futuro dos livros impressos de literatura. Quando eu estava indo para a universidade, um dia desses, me deparei com o seguinte outdoor promovido por uma escola particular de Fortaleza:


outdoor-tablet-substitui-livros-ari-de-sá-630x210


A polêmica gerada a partir daí alcançou grandes proporções. Dizer que dentro de uma escola os alunos não utilizarão mais livros, e sim tablets, deixou muitas pessoas com a pulga atrás da orelha. Alguns responsáveis pela diretoria do Ari de Sá foram chamados para conceder entrevistas e esclarecer o que quiseram afirmar com a frase contida nesse outdoor, que, para mim, mais parece uma provocação do que uma tentativa de comunicar uma novidade.

Na verdade, existe uma certa corrida tecnológica entre os colégios particulares de Fortaleza – e acredito que em outras cidades do Brasil, também. A primeira a alardear a idéia dos tablets, aqui, foi a escola 7 de Setembro, mas ela restringiu seu uso apenas em laboratórios paradidáticos. Pouco tempo depois, o outdoor acima, da escola concorrente, foi lançado, ampliando a utilização dos tablets para a sala de aula. E agora uma terceira concorrente, a Christus, afirmou que suas lousas serão digitais e em 3D.

Na esteira dessa corrida, o público alavancou debates sobre a questão dos livros físicos e das mídias digitais. Ao lado da tentativa de parecer mais tecnológico que o concorrente, cada colégio apóia a idéia de que, se o avanço científico está aí, vamos utilizá-lo nas escolas também – vamos incorporar tablets e outros aparatos modernos nas salas de aula. É um pensamento aplicado e sistemático que não deve ser criticado, na minha opinião; do contrário, nossas escolas seriam antros conservadores atrasados e obsoletos.


lousadigital3d


Existe toda uma questão de logística por trás dessa prática de incorporar tablets nas escolas. Todos nós sabemos que o peso da mochila de uma criança da sétima série (oitavo ano) é grande e muito prejudicial à sua saúde, dada a quantidade enorme de livros que ela tem que carregar todos os dias. Com um único objeto ali dentro, esse peso sem dúvida seria reduzido a mais da metade, se é que existiria. Por outro lado, as crianças passariam a ser um dos alvos mais procurados por assaltantes – mais do que já são, aliás. Uma série de fatores estão implicados nessa aventura de pôr os tablets nas costas dos alunos, e todos eles devem ser pensados com muita consideração.

De minha parte, penso no que eles podem ajudar – ou atrapalhar – no estudo dos alunos. Às vezes acho que o tablet é uma engenhoca tão curiosa e sedutora que poderia mesmo desviar com uma facilidade muito grande a atenção das crianças na hora das explicações. De outra maneira, a presença dos tablets poderia tornar mais atraente e acessível o conhecimento que antes era tão enfadonho nos livros.


c6089eb2aa25884728e336cb9ec350b1


As pessoas ligadas de alguma maneira à área da educação estão discutindo todos esses detalhes, sem dúvida. Pelo menos é isso o que eu espero. Seria de uma inconseqüência muito grande projetar a implantação de tablets nas escolas sem antes analisar o impacto deles nesse campo. É uma idéia inovadora? Com certeza. E promissora, também. Mas, como quase tudo no mundo, é uma idéia que tem seus reveses. E os prós e os contras devem ser colocados todos numa balança, para que uma decisão arbitrária não prejudique o nosso sistema educacional – que, convenhamos, já tem seus problemas e não precisa de mais nenhum.

No fundo, não importa se os alunos estão estudando com tablets, livros ou papiros. O que importa é que eles estejam estudando de forma satisfatória e também o que está sendo ensinado a eles. Um plano de educação totalmente equivocado pode ser feito utilizando-se tablets ou computadores, enquanto um ensinamento consistente e construtivo pode ser repassado com a ajuda de livros físicos. Tablets e livros são apenas instrumentos, que podem ser utilizados de maneira correta ou incorreta, de acordo com a política dos colégios. É nessa política que nós, cidadãos, devemos estar de olho, e não na simples questão da implantação dos tablets.


tablets_impostos


Além do mais, como pude conferir em outra discussão na internet, vale refletir sobre o que os colégios estão vendendo atualmente. Educação ou simples tecnologia? Não consigo dissociar essa corrida tecnológica entre os colégios de Fortaleza da frase que existe por trás: "Venha para o nosso colégio, possuímos mais tecnologia que o concorrente". No fundo, os projetos de ensino são os mesmos, que preparam o aluno não para a vida, mas para o vestibular – e, se possível, para o 1º lugar no ENEM. A educação anda perdendo espaço para a competição nos dias de hoje.

Por último, devo dizer que os livros físicos não devem ser mostrados como inferiores a qualquer tipo de aparelho moderno que seja. Essa é uma tendência que me preocupa quando vejo as propagandas de tablets nas escolas, principalmente no outdoor que coloquei lá em cima. O livro físico é uma ferramenta magnífica que tem inúmeras vantagens sobre os tablets, assim como os tablets têm certas vantagens sobre os livros. São ferramentas separadas; você pode optar pelos tablets, mas isso não significa que eles substituam os livros. Convém ter isso sempre em mente.