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27 setembro 2010

Contos clássicos de vampiro, vários autores

"A vida se apresentava para mim num aspecto completamente diferente: eu acabava de nascer para uma nova ordem de idéias." (p. 127)

Contos clássicos de vampiroVários autores

Agora há pouco, mergulhado na noite silenciosa e melancólica de hoje, acabei a leitura do livro Contos clássicos de vampiro, lançado nas livrarias do Brasil pela editora Hedra. O livro – como o próprio título já explica – é uma coletânea de histórias clássicas sobre vampiros, textos que vão desde o inglês Lord Byron até M. R. James, mestre na arte de contar histórias de horror.

Se não estou equivocado, é certo que nenhum conto data de além do século XIX. Vou ficar de olho na editora Hedra, que, embora seja pouco conhecida pelo leitor comum, publica vários títulos interessantes.

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Sinopse: Esta coletânea abrange um período de cem anos de histórias de vampiros, desde o fragmento de Byron, passando pelo capítulo inicial de "Drácula", suprimido por Bram Stoker, até o inédito “A tumba de Sarah”, de F.G. Loring. O leitor conta nesta edição com as obras seminais no campo da ficção, além de um apêndice com algumas das mais representativas produções literárias sobre o tema, como o fragmento do grego Filóstrato, e os poemas de Ossenfelder, Bürger,Goethe e Coleridge.

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Depois de ter lido dois contos do livro na própria livraria – Fragmento de um romance e Porque o sangue é vida – tomei vergonha na cara e comprei a coletânea. Já tinha certeza de que não ia me decepcionar. Quando eu encontro um livro por acaso numa prateleira, começo a lê-lo e ele simplesmente não sai das minhas mãos, posso garantir a mim mesmo que não vou perder dinheiro se comprá-lo.

E não me arrependi mesmo. Todas as histórias são perfeitas no objetivo de entreter o leitor. Por isso, suponho, são clássicas: se passaram centenas de anos entretendo leitores de incontáveis gerações, não há porque não continuar publicando-as. E acho mesmo necessária uma coletânea desse tipo, porque, depois de Crepúsculo (cujo filme adorei) a banalização acerca do tema vampiro ficou beirando o insuportável. Parece que milhares de escritores que não conseguiram a fama de outro modo estão pegando carona em Stephanie Meyer, autora que, por sinal, é na maioria das vezes injustamente criticada.

T. G.F. M. C.

Théophile Gautier e Francis Marion Crawford

Adoro a linguagem utilizada nesses textos que datam do século XIX e começozinho do século XX. Como diria Natália, minha amiga inseparável de literatura: "É uma linguagem que consegue ser precisa e floreada ao mesmo tempo, fechada e aberta, transgressora e conservadora, sem nunca perder a elegância." Natália e suas classificações de dar inveja.

De todos os contos do livro, certamente o mais profundo e interessante de todos – embora todos sejam interessantes – é A morta amorosa, do genial Théophile Gautier. A posição intermediária entre o sagrado e o profano na qual o pobre pároco Romualdo se encontra inserido, suscita inúmeras reflexões dignas de nota, muito bem escritas, aliás, além de ver o vampiro (vampira, no caso) sob outro prisma.

Essa coletânea vem dotada de um grande prefácio e um grande posfácio. O primeiro é uma introdução escrita por Alexander Meireles da Silva, que traça todo o perfil histórico do vampiro, desde as suas origens inicialmente eslavas até o papel que a figura folclórica desempenha no cinema. Vale muito a pena ser lido. O segundo, posfácio, é um apêndice generoso que contém poemas de grandes escritores – Goethe incluído – acerca do tema vampiresco. Já essa parte eu li apressado porque não me interessou muito.

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Conclusão: livro altamente recomendado. Tanto para os fãs do tema quanto para os apreciadores da boa literatura clássica.

22 setembro 2010

A lista de livros para as férias

Hoje à noite, passeando pelas livrarias do shopping Iguatemi, vi na estante de lançamentos o livro Não há silêncio que não termine, no qual a colombiana Ingrid Betancourt narra a trágica experiência pela qual passou na selva amazônica, durante os seis anos em que esteve refém de um grupo de guerrilheiros das Farc.

O livro me pareceu muito bem escrito e, além disso, pareceu ser o tipo de literatura que eu aprecio. A minha atenção foi cativada logo na primeira página, quando Ingrid narra uma de suas tentativas de fuga do campo em que estava confinada na selva. A mescla de drama, política, aventura e filosofia desperta muito o meu interesse, pois são esses gêneros os que mais me atraem na literatura.

Com Não há silêncio que não termine, a minha lista de livros para serem lidos nas férias ganhou mais um item. Ao todo, são:

DostoiévskiFonsecaMansfieldSingtonBetancourtSkinner

O adolescente, de Fiódor Dostoiévski

O seminarista, de Rubem Fonseca

Contos, de Katherine Mansfield

A garota Einstein, de Philip Sington

Não há silêncio que não termine, de Ingrid Betancourt

Sobre o behaviorismo, de B. F. Skinner

14 setembro 2010

Uma boa dica sobre literatura vampiresca

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Lord Byron e Bram Stoker

Como sempre, passeando pelos corredores da minha livraria predileta, encontrei um livro que despertou o meu interesse e fez com que eu me sentasse na poltrona mais próxima e lesse várias de suas páginas, alheio ao tempo e às pessoas que por lá passavam. Até aí, nada de inusitado: é o que sempre acontece comigo, pegar um livro que me chamou atenção e folheá-lo demoradamente.

A grande novidade é que esse veio diretamente da bancada em que estão à mostra a série Crepúsculo e uma miríade de outros títulos sobre literatura romântica-vampiresca – a grande maioria, água-com-açúcar. Não é o meu estilo de literatura, mas, como de costume, paro em cada bancada e analiso o que estão a vender.

Foi quando saltou aos meus olhos um livrinho chamado Contos clássicos de vampiro, coletânea lançada pela editora Hedra. O volume reúne textos lendários acerca do mito do vampiro, textos escritos por autores como Lord Byron, Bram Stoker e Francis Crawford. Já li dois contos – um deles, o do Byron, duas vezes – e adorei. Vale a pena para quem aprecia a boa literatura. As histórias são bacanas e o texto é gostoso de ler.

Em breve, a resenha completa do livro estará disponível aqui no Blog.

06 setembro 2010

Meu caso com a fonte Electra

"Quando tenho algum dinheiro, compro livros. E quando resta alguma coisa, aí eu compro roupas e comida." (Erasmo*)

Esta não é uma postagem séria. Convém esclarecer.

Por muito tempo, ultimamente, eu vim publicando aqui no blog somente resenhas sobre os livros que eu leio. Devo confessar que, quando criei o Gato Branco em Fuligem de Carvão, minha intenção inicial era não só escrever artigos sobre esses livros, mas falar também de qualquer outra coisa que entrasse no universo da literatura, fosse o que fosse.

E já faz algum tempo que eu quero escrever algo sobre fontes de livros (em outras palavras, a tipologia usada no miolo de determinadas edições). Acho que vou usar este post para isso. É bom que eu saio da mesmice das resenhas e abro uma discussão nova, até porque vejo que são poucas as pessoas que se importam com as fontes usadas em certos livros – e para mim, infelizmente, isso é uma coisa de importância sui generis.

Dessa vez, quem está no banco dos réus é ela: a fonte Electra, de Dwiggins. Pela primeira vez, estamos nos enfrentando cara a cara, abertamente.

Electra

A dita cuja. Sejam sinceros: não é estranha?

Minha rixa contra essa letra é fácil de entender. Eu apenas a acho moderna demais para ser empregada em livros, e, o que é pior, em livros sérios, clássicos. Posso estar delirando em público escrevendo este artigo, mas a verdade é que eu acho a Electra totalmente incompatível com títulos de autores como J. M. Coetzee, Salman Rushdie, Philip Roth etc. Essa letra me passa uma impressão de agilidade, superficialidade, modernidade, efemeridade… incompatível com os livros de autores desse calibre.

E, para a minha tristeza, a Electra pode ser encontrada em inúmeros títulos hoje em dia. Antigamente, ela era mais rara, mas agora está em Um país distante, em Os filhos da meia-noite, em Verão e O animal agonizante, só para citar alguns. Eu acho que seria capaz de pagar mais caro por um livro, só para trocar a Electra por uma fonte estilo Iskoola Pota, por exemplo. Tudo bem, exagerei. Não pagaria mais caro.

Um país distanteOs filhos da meia-noiteVerãoO animal agonizante

As vítimas, em ordem de citação

Mas se existe uma fonte realmente arrebatadora de tão boa, essa maravilha se encontra nos livros da editora Alfaguara, selo da Objetiva. A tal da letra é tão boa que seu nome nem consta na ficha catalográfica dos livros em que é publicada, e até hoje eu fico sem saber como essa beleza se chama. De qualquer modo, falar da competência da Alfaguara já é assunto antigo, não?

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*Não sei quem é Erasmo. O livro de onde tirei a frase também não explicava.