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18 junho 2013

Game: FarCry 3

"Eu já lhe falei qual é a definição de insanidade?"

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No início do mês passado, entrei em uma loja de games quando voltava da faculdade e trouxe comigo para casa FarCry 3, o mais recente lançamento da desenvolvedora Ubisoft, criadora do personagem Ray Man e da série Assassin's Creed, só para citar alguns dos exemplos mais populares. Já fazia algum tempo que eu colocava os olhos em FarCry. Me atraía a ideia de uma aventura em FPS (primeira pessoa) baseada na perspectiva de mundo aberto, na qual o jogador tem a liberdade de fazer uma miríade de missões paralelas às missões principais e de caminhar livremente pelo cenário, interagindo com elementos espalhados pelo ambiente.

Lembro de ter finalizado o game em aproximadamente duas semanas, curtindo cada passo do protagonista Jason Brody na Ilha Rook (uma fictícia região insular localizada no Pacífico, que serviu de base para tropas japonesas da II Guerra Mundial) e acompanhando com entusiasmo a história dos personagens envolvidos na trama. Devo admitir que todas as minhas expectativas foram atendidas de forma positiva: de fato, a ilha parece ter vida própria; de fato, Vaas Montenegro é um dos melhores vilões dessa safra nova de games; realmente, prima-se pela qualidade da jogabilidade, pela beleza dos cenários e pela diversão. Ao lado de jogos como The Last of Us e Batman: Arkham City, FarCry 3 pode ser considerado uma obra grandiosa no mundo recente dos video-games.

Deixando de lado meu hábito de se prolongar muito nas postagens, dividirei este review em tópicos específicos para sermos logo diretos no que interessa.


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HISTÓRIA

O playboy norte-americano Jason Brody está curtindo as férias com os amigos em uma ilha paradisíaca situada entre o Japão e o México quando, após uma sessão mal-sucedida de paraquedismo, todos se separam e caem em pontos ermos da região: sem comunicação entre si, são capturados por piratas sanguinários, e seu líder, Vaas, cultiva a ideia de vender todos aqueles filhinhos-de-papai como escravos no mercado negro.

Depois que consegue fugir do cativeiro em uma evasão alucinada, Jason se perde na selva e é resgatado por um sujeito chamado Dennis, espécie de agente de guerra informal dos Rakyat, o povo pacífico que vive na ilha e que é mal-tratado cotidianamente pelos cruéis capangas de Vaas. A única perspectiva que passa pela cabeça de Jason, nessa altura, é se unir aos Rakyat, insurgir-se contra os piratas e, assim, resgatar seus amigos. O problema é que, ao longo do caminho, Jason começa a se ver envolvido com as lendas seculares do povo Rakyat – principalmente depois que conhece Citra, a bruxa mística (e linda) que opera como a guardiã da identidade dos Guerreiros Rakyat. Começa então uma busca insana para salvar os colegas perdidos e para, acima de tudo, descobrir as próprias forças ocultas, na medida em que o desejo de vingança vai tomando conta do protagonista.


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DO QUE GOSTEI

O enredo do game prende a atenção e envolve o jogador a ponto de você se ver tentando avançar na história apenas para saber qual será o destino de alguns personagens. Não é uma trama boba: tem conteúdo, é complexa (apesar da aparente superficialidade), possui reviravoltas e nunca deixa de surpreender pela ótima "atuação dos atores", principalmente dos vilões. Em certos momentos eu me via agoniado com a reação infantil e mimada de alguns colegas de Jason e, não raro, do próprio Jason, ao passo que sempre vibrava com a aparição de Vaas, indiscutivelmente um dos malvados mais atraentes dos últimos tempos.

As missões principais são bem diferentes entre si e muito empolgantes: vão desde a exploração arqueológica dentro de cavernas subterrâneas até a invasão silenciosa em um posto de controle pirata; há também perseguições em alto-mar, batalhas com monstros surreais provenientes da imaginação do protagonista e coisas do tipo. Não há nada de repetitivo aqui, e muitas dessas missões acabam por revelar algo surpreende da história.

Outra coisa muito bacana é que a Ilha Rook é tão cheia de vida, tão pulsante, que ela parece mesmo existir independentemente do protagonista. Não é difícil encontrar no meio de uma caminhada um tigre ou uma onça atacando um bando de veados, dragões-de-komodo atacando pessoas, cães selvagens perturbando a passagem em alguns lugares, ursos, crocodilos descansando tranquilamente ao sol etc. E a vegetação toda, muito real, bastante detalhada, conserva a sensação de que realmente a ilha é um lugar isolado, perigoso e enorme: aqui e acolá despontam ruínas de templos dos antepassados Rakyat, depósitos abandonados, cidades vazias e cavernas escondidas. Contribui para essa imersão no ambiente a qualidade dos gráficos, excelente.

O lado RPG do jogo também é interessante. À medida que o jogador mata inimigos, completa missões e descobre baús largados na selva, aumentam os seus pontos XP, que podem ser trocados por habilidades específicas (como prender a respiração por mais tempo embaixo d'água ou nocautear vários adversários em sequência). Além disso, caçar animais e retirar deles a sua pele é muito útil para a construção de equipamentos, como coldres para armas e mochilas grandes para espólios. Coletar plantas espalhadas pela ilha também tem sua importância vital: a partir delas, é possível criar seringas que potencializam habilidades e curam o personagem.

Os meios de transporte que o jogador pode utilizar para se locomover pelo ambiente também são um caso à parte: diversificados, vão do jipe militar equipado com metralhadora até o jet-ski, passando por bugues, carros velhos, asa-delta e barcos de toda sorte. Embora haja vários postos de controle que servem como pontos de viagem rápida (no estilo dos túneis de Assassin's Creed, que poupam o jogador do trabalho de caminhar até um local distante no mapa), é sempre muito agradável subir em um carro e dirigir através da maravilhosa paisagem insular até o lugar desejado.


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"ASPECTOS NEGATIVOS"

É sempre muito difícil apontar aspectos negativos em um jogo tão bom quanto FarCry 3. No entanto, para que essa análise seja a mais sincera possível, posso sugerir dois ou três pontos que dão a sensação de algo deixado a desejar.

Por exemplo: a quantidade de armas disponíveis. Não, não são poucas, pelo contrário – são muitas, demais até. Algumas delas um pouco desnecessárias. Quando o jogador experimenta a maioria e se satisfaz com algumas, são estas as que ele usará até o final do jogo, muito provavelmente. Com um coldre de capacidade para 4 armas, escolhi um arco-e-flecha, uma sniper com silenciador, uma metralhadora leve com mira turbinada e um lança-chamas. Com esse arsenal em mãos, não consegui permanecer muito tempo com outras armas que não fossem as mesmas de sempre.

Alguém pode argumentar dizendo que o grande número de armas disponíveis é uma coisa boa, e não discordo disso de maneira nenhuma; cada jogador sabe o que lhe convém e escolhe as suas armas preferidas dentre tudo o que é oferecido. No meu caso, depois de encontrar as armas mais convenientes, não senti vontade de utilizar as outras, que me pareceram inferiores. E então todo aquele arsenal de guerra ficou lá nos depósitos, estagnado. O que não chega a ser um ponto ruim, repito: é apenas relativamente frustrante.

Alguém também pode sugerir que o jogo seja repetitivo em algumas partes. De fato, em determinado momento senti a leve impressão de que estava fazendo sempre a mesma coisa – não nas missões principais, mas nas paralelas, que se resumem a atacar postos de controle, caçar animais e entregar suprimentos médicos em acampamentos Rakyat, além de bancar o faz-tudo para resolver problemas relacionados aos nativos da ilha. Mesmo assim, mesmo com essa aparente repetição, me diverti muito com essas atividades, e não acho que elas cansem ninguém. Para falar a verdade, quando o jogo está para se tornar realmente repetitivo, Jason é enviado à parte sul da Ilha Rook e as coisas mudam de cara. Foi uma boa sacada dos desenvolvedores.


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CONCLUSÃO

FarCry 3 é um jogo obrigatório para fãs de games de aventura, games de primeira pessoa e/ou games que funcionam na perspectiva de mundo aberto. Todos esses elementos são mesclados de forma extremamente satisfatória neste título da Ubisoft, que fez um excelente trabalho e que, por essa razão, merece os prêmios que ganhou com o jogo. Nunca fui um grande empolgado com games em FPS, mas este me conquistou facilmente logo nos minutos iniciais.

A única coisa que posso dizer é: Jogue. Não perca tempo. O convite está feito: mergulhe na ilha, mergulhe nos perigos que ela lhe oferece, seja seduzido por ela, seja seduzido pela insanidade e… boa sorte, porque você vai precisar. Vale a pena. Nota 10.

09 junho 2013

O que esperar para as férias [2013.1]

Uma lista do que poderá aparecer aqui no blog durante o mês de julho deste ano

livros

Conheço leitores que compram livros e mais livros, uns atrás dos outros, e acabam confessando eles mesmos que não têm tempo suficiente para ler tanta coisa boa que aparece no mercado literário e que acaba indo parar nas suas estantes, o que, como consequência, produz pilhas e mais pilhas de livros não-lidos pelo chão da casa. Vou confessar uma coisa: não consigo ter esse espírito desenfreado e voraz plenamente desenvolvido. Minhas compras são comedidas até certo ponto, baseadas em orçamento financeiro, em tempo disponível e em nível de interesse, e a relação harmoniosa entre esses três elementos acaba reduzindo e muito minhas aquisições. Não consigo ver aquele livro não-lido parado em um canto da minha casa, acumulando poeira porque há dezenas de livros na fila das prioridades. Quando o livro cabe no bolso, quando sei que poderei lê-lo sem pressa e com cuidado e quando sei que as chances de gostar dele são possíveis, não hesito: levo para casa. Às vezes são feitos sacrifícios: edições de luxo, por exemplo, que abocanham nossa conta bancária mas que valem o esforço; ou na época em que disponho de apenas um exíguo final de semana para ler aquele Admirável Mundo Novo ou aquele Sete Anos no Tibet. [Ler nota no final desta postagem]

Os períodos que vão de fevereiro a junho e, no segundo semestre, de agosto a novembro, geralmente são os intervalos do ano que reservo para acumular os livros que lerei nas férias de julho e de dezembro, respectivamente. Embora eu sempre esteja lendo algo, seja lá o mês que for, é somente nesses intervalos sabáticos anuais que me proponho a ler obras realmente densas e volumosas, como Mar de Papoulas, do indiano Amitav Ghosh, ou Lá Onde os Tigres se Sentem em Casa, do francês Jean-Marie Blas de Roblès.

Eis o que o Gato Branco espera para as férias de julho:


Micro, de Michael Crichton

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Michael Crichton, autor do célebre Jurassic Park, veio a falecer de câncer aos 66 anos enquanto estava escrevendo seu novo romance, Micro, espécie de survival na selva que parece ser uma mistura equilibrada e sã de O Mundo Perdido com Presa. Os originais da obra foram finalizados pelo conhecido romancista Richard Preston, autor de O Demônio no Freezer e Zona Quente.

A aura em torno do livro é auspiciosa. Afinal, trata-se de um thriller manipulado por quatro mãos, e os dedos são de dois autores populares e muito competentes. A ideia é potencialmente rica e pertinente, porque envolve os perigos que a ciência desenfreada alavanca quando tenta submeter as leis da natureza à ambição dos homens (ideia que, faça-se justiça, Crichton abordava em quase todos os seus livros). Vindo do autor de Esfera e Linha do Tempo, dois romances que li na infância e que me lançaram no universo literário de um modo geral, Micro é uma das leituras mais esperadas desse ano.


Anna Kariênina, de Liev Tolstói

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Não tenho palavras para descrever a ansiedade que me cerca quando tenho no horizonte uma leitura do romancista russo Liev Tolstói, que é, sem dúvida, um dos melhores escritores de todos os tempos. Anna Kariênina foi transposto recentemente para o cinema e, nas telas, Keira Knightley encarna a personagem principal. Ainda não assisti ao filme de propósito, apenas para que não me sejam revelados quaisquer detalhes do enredo (muito embora eu já saiba o que ocorre no final da história).

Na obra, percorremos os grandes salões povoados pela alta burguesia russa entediada do século XIX, conhecendo figuras as mais diversas, assoladas pelas dúvidas que, independente da época e do lugar, assolam qualquer ser humano – principalmente quando o assunto é aquela paixão visceral que todos nós conhecemos muito bem.


Nos bastidores do Pink Floyd, de Mark Blake

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Todos os que me conhecem razoavelmente bem sabem que aquela banda britânica conhecida como Pink Floyd é a minha favorita, ao lado de Dire Straits, Led Zeppelin e The Doors. Quando uma ex-namorada minha me ligou às pressas dizendo que havia acabado de chegar ao mercado brasileiro a biografia completa do conjunto de rock progressivo autor de The Dark Side of The Moon, minha primeira reação foi: não acredito. Era a época em que eu andava às voltas à procura de um documentário decente sobre Pink Floyd.

Pelas folheadas que eu já dei na obra de Blake, Nos bastidores do Pink Floyd parece ser um trabalho super sério e bem estudado, não incorrendo nas pieguices e nos deslizes comuns ao gênero. Desde The Piper at The Gates of Down até Division Bell, a história dessa lendária banda é contada nos mínimos detalhes, o que envolve entrevistas com os integrantes e o pessoal da produção. Essa é outra leitura pela qual mal posso esperar.


Inferno, de Dan Brown

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Robert Langdon é, outra vez, o personagem central do mais novo livro do autor de O Código Da Vinci, e aqui o simbologista simpático e claustrofóbico se vê atado a uma trama que envolve a leitura de uma das obras clássicas da literatura mundial: A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Não tenho mais conhecimentos sobre o enredo, e acho que isso é interessante, pois sigo a máxima dos leitores de que "quanto menos instruídos e mais surpreendidos, melhor". A única coisa que sei, por enquanto, é que Langdon está no meio de todos esses mistérios e que os enigmas se baseiam no livro do ilustre italiano supracitado.

Mesma estrutura de história? Mesmo corre-corre de sempre? Ótimo. Dan Brown é o tipo de autor que consegue ser bom e surpreendente mesmo quando repete sempre a sua fórmula mágica. Não vejo a hora de revisitar a Europa cheia de mistérios que o autor não se cansa de nos mostrar – e que eu, particularmente, adoro.

 


[Nota: compradores vorazes de livros, não se sintam ofendidos. Esse consumismo literário é uma das coisas que mais gosto de observar e de admirar nas outras pessoas (sim, porque não há nada mais embevecedor do que ouvir alguém falando "Estou com trezentos livros lá em casa e não sei por onde começo". Comprar livros em demasia é um hábito saudável, até certo ponto. Só não consigo colocá-lo em prática, nem pretendo conseguir.