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22 janeiro 2012

Poemas completos de Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa

"Ninguém pode provar que é mais que só diferente." (p. 109)

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Havia uma espécie de certeza antecipada quando tive nas mãos, pela primeira vez, o livro que reúne todos os poemas escritos pelo heterônimo mais bucólico, simpático e fleumático inventado pelo português Fernando Pessoa. Antes mesmo de terminar a leitura da primeira estrofe do poema que abre a coletânea, tive a certeza de que aquele seria um livro para sempre meu. Até hoje, depois de tantos anos, Alberto Caeiro é o autor que ocupa minha cabeceira; suas frases, seus versos, sempre de uma serenidade ímpar, são capazes de amansar qualquer estado de espírito.

Li os Poemas Completos (que foram escritos entre 1910 e 1935) com a sensação nítida de que cada frase me despertava para uma nova perspectiva de vida. Uma nova filosofia nascia ali, diante de mim, e eu a assimilava como quem, isolado no deserto, encontra um poço cheio de água potável: com avidez, me deliciando com cada palavra. Mas o mais curioso é que as idéias e o discurso de Caeiro não eram de todo novidades para mim: seu desprendimento, sua simplicidade, seu minimalismo já estavam incutidos naquilo que eu imagino ser minha personalidade. Desse modo, naquela época, identifiquei meus sentimentos e pude vê-los verbalizados em poesia. Nada melhor, ainda mais quando estamos falando da qualidade de um Fernando Pessoa.


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"Toda a paz da natureza sem gente vem sentar-se a meu lado." (p. 31)


Para quem ainda não sabe, o poeta Fernando Pessoa, num súbito lampejo de compreensão, entendeu que sua alma era dotada de pontos de vista e estilos tão distintos que não seria possível assinar todos os seus escritos sob o mesmo nome. Além de "Fernando Pessoa" (que, desnecessário dizer, era ele mesmo), o autor criou uma dezena de heterônimos que correspondiam a personagens diferentes, ou, antes, a autores diferentes. De todos esses autores distintos, sobreviveram ao curso do tempo apenas três, que são a tríade mais famosa e mais rapidamente associada ao nome do poeta português: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Há também o existencialista Bernardo Soares, mas este, infelizmente, deve seu reconhecimento pelo público a apenas uma única obra em prosa: O livro do desassossego.

Vale lembrar que heterônimo não é o mesmo que pseudônimo. No segundo caso, o autor apenas esconde seu nome verdadeiro e publica outro no lugar, como um nome substituto artístico pelo qual ele pretende ser reconhecido. No heterônimo, o artista cria autores diferentes dele mesmo, com biografia e obra distintas da sua própria. Fernando Pessoa mesmo costumava dizer que Alberto Caeiro era seu "mestre", e que toda a sua obra partia de um ou outro pressuposto do famoso guardador de rebanhos. Às vezes eu fico pensando que psiquiatras e outros estudiosos científicos não vêem nisso senão um belo traço de esquizofrenia.


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"Não sei o que é a natureza: canto-a." (p. 69)


Não precisei chegar sequer na metade dos Poemas completos para perceber que eu já adorava o livro e que o tinha como a mais bela coletânea de estrofes em língua portuguesa lida até então. Quanta poesia inteligente, quantos versos claros e serenos! Se existe uma coisa que é comum a todos os heterônimos de Fernando Pessoa (e isso só pode ser explicado como um traço intrínseco do autor), é que sua poesia não é do tipo que turva as águas para sugerir profundidade. Não consigo encontrar outra característica mais louvável em um poeta: clareza e sensibilidade. Caeiro escreve com uma calma tão evidente, com uma serenidade tão absoluta, que nada poderia advir daí senão os versos mais interessantes e cristalinos possíveis.

Poemas Completos é recheado de frases breves extremamente carregadas de sentido. É o caso de, por exemplo, "Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir" ou "Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a natureza os pôs". Simples, direto e de uma beleza inquestionável, que abre mão dos mais rocambolescos recursos para se fazer entender. Antes de tudo, apela para a humanidade do leitor, e só assim ela almeja fazer sentido. É uma poesia humanista, por que não?


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"Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado." (p. 53)


Nunca tive prazer ou necessidade de riscar um livro, sublinhando passagens importantes ou fazendo anotações nas margens das páginas; no entanto, aqui eu tive que deixar de lado essa tradição. Risquei estrofes, sublinhei versos, pus asteriscos em poemas inteiros e circulei vários trechos que julguei como portadores de uma essência que não podia ser perdida, e sim lembrada para sempre. Fiz isso sem o menor constrangimento. O entusiasmo ao marcar essas passagens foi tão grande que, mesmo hoje, sou capaz de citar estrofes inteiras de cor. A minha preferida é:

"Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros,

Quer para fazer o bem, quer para fazer o mal.

A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.

Querer mais é perder isso, e ser infeliz." (p. 71) 


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"Eu acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido." (p. 111)


Poemas completos de Alberto Caeiro é um livro que significa muito para mim. Na época em que o li, lembro que ele serviu como uma espécie de muleta, na qual eu me apoiava e até mesmo me baseava, fazendo daqueles versos as palavras que eu queria dizer cotidianamente, para todos, alardeando minha nova atitude perante a vida. Esses livros – que realmente nos tocam e nos mudam, estilhaçando-nos com sua verdade óbvia – são raros. Quando encontrados, devem ser preservados, como se fossem uma parte de nossa própria anatomia – coisa que, apenas por pouco, não são de fato.


Poemas completos de Alberto Caeiro (1910-1935)

Fernando Pessoa

205 páginas

Editora Martin Claret

Nota: 10/10

15 janeiro 2012

O espetáculo mais triste da Terra, de Mauro Ventura

"Naquele trágico domingo, Niterói era uma cidade doída e confusa." (p. 200)

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Nem uma febre e nem uma gripe das mais desagradáveis foram capazes de impedir que eu terminasse a leitura do livro O espetáculo mais triste da Terra – O incêndio do Gran Circo Norte-Americano (2011), escrito pelo jornalista carioca Mauro Ventura, filho do conhecido Zuenir Ventura. O resfriado consumiu todo o meu estoque de medicamentos, mas não conseguiu me deixar acamado a ponto de me separar da minha estante.

Ando me interessando bastante por obras de autores que lançam mão do chamado "jornalismo investigativo", gênero moderno provavelmente iniciado com Truman Capote, cuja linha principal mistura reportagem e veia crítica usando pinceladas de romance. Sem dúvida, é um gênero que possui um alto grau informativo e uma boa dose de entretenimento, a depender do autor em questão. Jon Krakauer, por exemplo, é um nome bem conceituado nessa área de não-ficção, e seus livros são tão empolgantes quanto críticos e socialmente engajados.

A leitura do livro de Ventura, excelente, me deixou a par de uma das piores tragédias brasileiras de todos os tempos.


Sinopse: Com base num minucioso trabalho de campo e de pesquisa, Mauro Ventura traz à tona um drama sem precedentes na história do Brasil: o incêndio no Gran Circo Norte-Americano, que tem entre seus heróis médicos, escoteiros, religiosos e até uma elefanta, que salvou dezenas de espectadores ao abrir um rasgo na lona. No dia 17 de dezembro de 1961 acontecia, em Niterói, a maior tragédia circense da história e o pior incêndio com vítimas do Brasil. Mais de 3 mil espectadores, a maioria crianças, lotavam a matinê do circo, anunciado como o mais famoso da América Latina, quando a trapezista Antonietta Stevanovich deu o alerta de fogo. Em menos de dez minutos, as chamas devoraram a lona, justamente no momento em que o principal hospital da região se encontrava fechado por falta de condições.


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Cartaz anunciando o espetáculo do Gran Circo Norte-americano em Niterói


"O que eu acho impressionante", diz meu pai, que nasceu uma década antes da tragédia, "é que eu nunca tenha ouvido falar desse episódio. Só fiquei sabendo dele na semana passada, por conta do lançamento desse livro. Como um acontecimento tão dramático e cruel pode ter passado em branco, justamente para mim, que vivia no Rio de Janeiro?". Justamente pelo fato de ter sido dramático e cruel, o incêndio do Gran Circo Norte-Americano foi relegado ao esquecimento voluntário pelo povo da própria cidade.

Para reconstruir a catástrofe de Niterói, Mauro Ventura entrevistou mais de uma centena de pessoas (entre testemunhas, médicos e vítimas) e se valeu de uma miríade de documentos, vídeos e artigos publicados no país sobre o assunto. O resultado dessa pesquisa meticulosa pode ser observado no seu livro: um panorama detalhista que conta dramas familiares particulares (muitas pessoas perderam a família inteira no incêndio), atos de heroísmo e as operações do governo para lidar com a situação (verbas disponibilizadas, pedidos de ajuda a países vizinhos e assim por diante).

De um modo geral, como o próprio Mauro Ventura gosta de dizer, O espetáculo mais triste da Terra se propõe a dar rosto à tragédia, na medida em que oferece ao leitor um mar de histórias das pessoas afetadas pelo incêndio. Enquanto eu estava lendo o livro, não raro me assombrava e me compadecia de certos episódios, de certos personagens que acabam nos tocando, de uma maneira ou de outra. É o caso de Lenir Queiroz, da chefe de escotismo Maria Pérola, da menina Maria José, e de muitos outros.


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O corredor da saída principal do circo, pelo qual centenas de pessoas tentaram passar ao mesmo tempo


A linguagem que Mauro Ventura utiliza para dar voz ao seu texto é a mesma de certas reportagens de revistas informativas. Isso não diminui o valor da obra, naturalmente. É uma narração corriqueira, ágil, sem deixar de lado a minúcia típica do jornalismo. Livre de excessos, Ventura destila os principais acontecimentos para o leitor, as principais informações e os personagens mais destacáveis. Se for para comparar o autor com Jon Krakauer (que é talvez o único que conheço do gênero), eu diria que Mauro Ventura é uma espécie de versão resumida do autor norte-americano, mas com qualidade semelhante. Enquanto Krakauer detalha demais os episódios que reconstrói, Mauro, no livro em questão, dá uma visão mais panorâmica do acontecimento, focando apenas as partes de maior importância.

O livro todo é excelente, e gostei particularmente dos capítulos que narram a crise no Hospital Antonio Pedro (o principal da cidade, que, desgraçadamente, encontrava-se em greve no dia do incidente), o gesto humanitário da escoteira Maria Pérola, as histórias de Marlene e Lenir e as investigações iniciadas depois da tragédia. Aliás, a causa do incêndio do Gran Circo Norte-americano continua um mistério até hoje, visto que há uma rede de informações desencontradas que ora apontam um culpado criminoso (Dequinha), ora apontam falhas no sistema de segurança da casa de espetáculo, e ora apontam fatores naturais. Nunca se chegou a uma conclusão racional baseada em provas, e se na época Dequinha e Bigode foram sentenciados à prisão, foi somente para dar uma satisfação imediata aos cidadãos de Niterói.


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Ao entardecer, bombeiros tentam apagar o fogo que devorou a lona do circo


Recomendo O espetáculo mais triste da Terra para quem quiser conhecer o mais trágico acidente circense da História e o pior incêndio brasileiro. Embora o livro apresente uma grande dose de detalhes assombrosos e trágicos, vale a pela a leitura, não por conta do apelo ao drama, mas pela carga de informação referente ao episódio. Um livro excelente, sem dúvida.

07 janeiro 2012

Lá onde os tigres se sentem em casa, de Jean-Marie Blas de Roblès

"Seria preciso estar irremediavelmente privada da liberdade para descobrir o valor do simples fato de viver?" (p. 265)

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Sempre alimentei uma espécie de admiração pelos escritores viajantes, o que pode ser facilmente explicado pela minha própria vontade de viajar através de países distantes e exóticos e de escrever, no regresso dessas excursões, meus próprios livros. Para mim, não há dúvida de que essa é uma bela maneira de passar o tempo na Terra.

Conheci há pouco tempo Jean-Marie Blas de Roblès, um arqueólogo submarino que nasceu na Argélia, morou no Tibete, Indonésia, Peru, China, Iêmen, Líbia e, dentre outros lugares, Brasil. Durante o tempo em que esteve aqui, Roblès lecionou na Universidade de Fortaleza – aquela em que estudo, aliás – e tirou da capital do Ceará boa parte da experiência que usaria para escrever o romance Lá onde os tigres se sentem em casa (Là où les tigres sont chez eux, 2008), que li essa semana.

Um livro curioso, sem dúvida, principalmente porque se trata de um romance estrangeiro cuja trama se desenrola em nosso país, do início ao fim.


Sinopse: O livro conta a história de Eléazard von Wogau, jornalista correspondente de uma agência francesa, que mora já há alguns anos em Alcântara, no Maranhão. Como tem pouco trabalho, se dedica à leitura da biografia de Athanasius Kircher, jesuíta alemão do século XVII. A história desse padre barroco, um pouco científico, um pouco charlatão, apaixonado pelo orientalismo e pela matemática, se mistura a de outros personagens: Elaine, a ex-mulher de Eléazard, bela arqueóloga que partiu em expedição pela floresta amazônica; Loredana, sedutora jornalista italiana; Nelson, garoto pobre da favela sedento por vingança; Moreira, o governador corrupto; ou ainda Moema, a jovem idealista filha de Eléazard e Elaine.


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Lá onde os tigres se sentem em casa ("Tigres", para resumir o título) é um romance simultaneísta – ou seja, diversas narrativas se cruzam no decorrer da história, o que lhe confere um caráter eclético de enredos acontecendo ao mesmo tempo, às vezes até se mesclando. O grande atrativo deste estilo de narração está em não atribuir a nenhum personagem específico o papel de protagonista: todas as histórias paralelas são igualmente importantes, igualmente atraentes e merecem a mesma atenção do leitor. Pessoalmente, tenho uma ótima experiência com romances simultaneístas. Sempre os achei muito interessantes.

O livro é dividido em 32 longos capítulos (sem contar com prólogo e epílogo) que não são cansativos, porque há muitos intervalos dentro deles. Eu até diria que, de um modo geral, as 700 páginas do volume não cansam o leitor, embora isso seja uma opinião bem mais pessoal. A verdade é que a linguagem de Roblès oscila entre a objetividade e o floreio, o que significa que há passagens bem fluidas e outras mais densas, mais subjetivamente sofisticadas. Isso dá ao livro o caráter erudito normal que a própria obra propõe desde o começo: a meta não é apenas contar uma história, mas contá-la com intelectualismo e com palavras escolhidas a dedo (recorri ao dicionário várias vezes). É claro que esse caráter pedante não pode ser considerado um defeito. A psicologia dos personagens fica bem melhor explorada, e alguns diálogos são bem profundos. É uma boa experiência geral.

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Uma coisa bem interessante em Tigres é a alternância entre o Brasil da década de 1980 e a Europa do século XVII. Extremamente pitoresca, essa temporalidade cruzada é ela própria um marco do enredo, uma jogada estilística que eu achei maravilhoso perceber. Uma hora estamos na Favela do Pirambu, em Fortaleza, acompanhando as penúrias de Nelson, e logo depois passamos à Roma regida pelo Vaticano, em que Kircher prepara mais uma discussão filosófica sobre aquela ciência medieval da qual todos faziam parte. Essa transição de tempo, lugar e temática deixa o romance bem mais dinâmico.

Não é sempre que nós temos a oportunidade de ler um romance estrangeiro passado essencialmente no Brasil, com tantos detalhes geográficos e culturais do nosso conhecimento. Roblès oferece isso aos brasileiros com Tigres. É diferente, por exemplo, ler uma ação desenvolvida na Avenida Tibúrcio Cavalcante, apenas a alguns metros da porta da minha casa e por onde passo todos os dias. A sensação é distinta, o leitor brasileiro se sente mais próximo da história e do lugar na qual ela se desenvolve. Sem dúvida.

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Ok, e quanto à história em si? Eu diria que ela é instigante. Essa talvez seja a palavra mais adequada para qualificar o romance de Roblès. Eu, pelo menos, fiquei extremamente curioso para saber qual seria o destino dos personagens, o que eles fariam em seguida e o que mudaria o curso de seus caminhos. Em alguns momentos as histórias paralelas se encontram, mas, durante a maior parte do livro, cada uma segue mesmo suas veredas próprias. Eu diria até que o denominador comum dos personagens é o sentimento de inconformidade com a vida, como se cada um sentisse que é preciso dar mais de si para não cair em uma monotonia incontornável. Há também uma certa busca pela identidade encontrada nesses personagens, o que muito me agradou. Em suma, a história é muito boa. O fio que une todas elas também é convincente.

Um dos grandes méritos do livro consiste em não cair nos lugares-comuns que a literatura estrangeira reserva ao território brasileiro. Longe de regionalismos e de chavões, Roblès se mostra atento às variações culturais do país, servindo-se dele não apenas como um mero pano de fundo, mas como um Brasil repleto de exotismo e encantos – às vezes desconhecidos por nós mesmos. Além disso, o autor mostra seu vasto domínio sobre a geografia local, descrevendo cenários que vão desde a floresta fechada do interior do Mato Grosso até as praias isoladas de Canoa Quebrada, no Nordeste. Esse cuidado com a verossimilhança topográfica inspira respeito à obra e um certo alívio por parte do leitor, ao ver algo não leviano retratado naquelas páginas.

Uma história interessante, repleta de encantos e belezas; um ensaio sobre alguns aspectos da condição humana, principalmente sobre a realidade das pessoas que não se encontram nos seus lugares de origem, na sua zona de conforto.


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Edições do original francês

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Disponibilizo aqui uma entrevista com o autor para o blog O Globo, na qual ele fala sobre o processo de criação do livro.


Lá onde os tigres se sentem em casa (2008)

Jean-Marie Blas de Roblès

710 páginas

Editora Record

Nota: 10/10