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03 abril 2011

Eu sou o mensageiro, de Markus Zusak

"O assaltante é um mané." (p. 11)

Eu sou o mensageiro Markus Zusak

Mais uma vez, para não deixar o blog passar duas semanas sem atualizações, vou postar uma resenha sobre um livro que li há muito tempo.

Dessa vez, o livro que escolhi para ser comentado foi Eu sou o mensageiro (The messenger, 2002), escrito pelo jovem australiano Markus Zusak, colocado sob holofotes no mundo todo depois do estrondoso sucesso de A menina que roubava livros.


Sinopse: Venha conhecer Ed Kennedy. Dezenove anos. Um perdedor. Seu emprego: taxista. Sua filiação: um pai morto pela birita e uma mãe amarga, ranzinza. Sua companhia constante: um cachorro fedorento e um punhado de amigos fracassados. Sua missão: algo de muito importante, com o potencial de mudar algumas vidas. Por quê? Determinado por quem? Isso nem ele sabe.

O que se sabe é que Ed, um dia, teve a coragem de impedir um assalto a banco. E que, um pouco depois disso, começou a receber cartas anônimas. O conteúdo: invariavelmente, uma carta de baralho, um ou mais endereços e... só. Fazer o que nesses lugares? Procurar quem? Isso ele só saberá se for. Se tentar descobrir.


Comprei Eu sou o mensageiro por conta de uma promoção feita na minha livraria predileta, que, naquela época, dava uns bons descontos para os clientes assíduos. Agora não me lembro direito por que levei este, e não A menina que roubava livros, já que todas as bocas ao meu redor comentavam a mórbida narradora dessa história que tem a Alemanha nazista como pano de fundo.

De qualquer modo, lembro que li Eu sou o mensageiro com muito gosto, e, antes mesmo de chegar à última página, o tive como uma das melhores aquisições do ano.

Uma das coisas que mais surpreendem no livro é o estilo de narrar de Zusak. Até então, eu acho que nunca tinha visto nada semelhante. A impressão geral é a de que o narrador-protagonista está realmente conversando com o leitor, e não escrevendo um relato confessional. Até porque a história é contada no presente, e assim fica a forte sensação de que o livro é falado. Achei isso muito interessante, mesmo. O que contribui ainda para essa sensação de "livro falado" é a enorme freqüência de palavrões e gírias de todo o tipo. É um linguajar jovial, percebe-se desde o início, mas sem extremismos enfadonhos.

Eu sou o mensageiro.bmp

A história das cartas de baralho chegando "por correio" lembra um pouquinho o universo de Jostein Gaarder, cujos livros sempre mencionam Às, Copas, Espadas e Paus – destaque para O dia do curinga, onde isso atinge seu ápice. De qualquer modo, eu diria que Eu sou o mensageiro possui uma relação qualquer com O mundo de Sofia; para não estragar a surpresa de ninguém, não vou comentar que relação sutil poderia ser essa.

Eu diria que Eu sou o mensageiro é o tipo do livro que amolece o coração. É uma história sobre compaixão, solidão, fracasso e, acima de tudo, amor. Muitas passagens são emocionantes de verdade e conheço muitas pessoas que lagrimaram lendo o livro. As partes finais são de fato as que mais comovem.

Poético, engraçado, comovente e sincero, Eu sou o mensageiro conta com um leque de personagens interessantes e bem desenvolvidos. Sem eles, o livro não daria certo, porque é a subjetividade e a personalidade de cada um que faz a história correr. Destaque para Porteiro, o cachorro de estimação do protagonista.

Recomendo Eu sou o mensageiro para todos aqueles que querem uma leitura leve, mas reflexiva.

2 comentários:

  1. Olá Marlo,

    Ouvi falar muito desse autor pelo outro livro que você citou, mas acredito que tenha valido a pena ter comprado este também, e como os elogios que fez a narrativa dá ainda mais confiabilidade.

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  2. Marlo Renan!

    Sou obrigada a concordar com você que “Eu sou o mensageiro” é um ótimo livro. E tenho que te dizer que Markus Zusak é lindo!
    Assim como em “A menina que roubava livros” fiquei totalmente encantada, um personagem aparentemente com “nada de especial”, mas que ao mesmo tempo tem um “que” de diferente, sem contar com o “porteiro” que tem um SUPER “que” de diferente. Talvez, a graça do livro seja sua simplicidade e conseqüentemente genialidade.
    Mas enfim, isso é só um comentário (tenho que me conter).

    Adoro!
    Beijo

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