"Ela tinha gosto de baunilha. Seu cabelo cheirava a limão fresco." (p. 85)
Quando vislumbrei o feriadão da Semana Santa se aproximando, pensei: vou usar esse pequeno recesso para ler um dos dois livros que minha amiga Gleici me deu. Qualquer feriado de quatro dias é uma oportunidade para a leitura de um bom romance.
E o livro em questão não é outro que não A Garota das Laranjas, (Appelsinpiken, 2005), escrito por um dos mais populares autores contemporâneos: estamos falando de Jostein Gaarder, filósofo norueguês conhecidíssimo por seu célebre O Mundo de Sofia, que lhe deu projeção internacional como romancista no começo dos anos 1990.
Sinopse: Pouco antes de morrer, Jan Olav escreve uma longa carta ao filho de três anos e a esconde no forro de um carrinho de bebê, para que seja descoberta apenas quando ele for mais velho.
A história que o pai conta é do tempo em que ainda era um jovem estudante de medicina: a sua busca por uma moça desconhecida, que ele vê por acaso nas ruas de Oslo, sempre carregando um saco cheio de laranjas. Apaixonado, o rapaz persegue os diversos mistérios que cercam os seus encontros fugidios com a garota das laranjas, numa aventura que culmina numa grande revelação.
Repleta de mistérios e reflexões, A Garota das Laranjas aborda temas como a perda, reencontros e relações entre a família.
Extremamente cativante. Essa talvez seja a expressão mais adequada para que eu possa me referir a este livro tão simples e, por isso mesmo, tão gostoso. Gaarder acertou a mão quando escreveu A Garota das Laranjas, conseguindo, logo nas primeiras páginas, captar a atenção do leitor da maneira mais agradável possível – inclusive ao falar de assuntos relativamente delicados, como morte e o vazio que um marido deixa atrás de si, mesmo quando ele é substituído por outro homem.
A confrontação com a morte, aliás, é um dos temas mais presentes no livro. Isso para não dizer que ele está manifesto praticamente desde a primeira até a última página; afinal de contas, quem escreve a maior parte da história é um pai que está à beira da morte e sabe disso. Por essa razão, ao dirigir-se ao filho maduro com quem nunca pôde conversar, o pai procura incutir-lhe divagações filosóficas que dizem respeito à condição do Homem no mundo.
Edições norte-americana e norueguesa, respectivamente
Mas o objetivo geral da carta que o pai escreve a seu filho Georg não é, necessariamente, apenas de cunho filosófico. O que Jan Olav de fato deseja é contar ao seu filho a sua relação de adolescente com a "garota das laranjas", lá pela ida década de 1970. E eu diria que é nesse relato da história de amor entre Olav e a garota das laranjas que o livro mais cativa. O que me agradou bastante foi ler, sobretudo, uma história de amor sem exageros, perfeitamente convincente, mas que nem por isso deixa de ser bonita, reflexiva, singela e calorosa.
Sim, calorosa.
Muitas pessoas julgam erroneamente A Garota das Laranjas pela capa, e ela de fato faz crer que o livro seja infantil, ou, no mínimo, muito infanto-juvenil. Tudo bem, a história diverte leitores de todas as idades, mas, como eu disse em um tópico de discussão do Orkut, a ingenuidade e a inocência do livro são apenas aparentes. Ele é recheado de sugestões que ficam soltas no ar, e que de certo modo são interpretadas de uma maneira peculiar por aqueles leitores não tão novos.
Me sinto inclinado a dizer que este é um romance muito maduro, muito "adulto", de certa forma. Existem certas coisas nas entrelinhas (certas reflexões, certos detalhes) que escapam a um olhar menos preparado e – vamos dizer assim – menos treinado pelo tempo. De qualquer forma, essa temática de entrelinhas foi uma das coisas que mais me fizeram gostar do livro; garante, acima de tudo, que Gaarder se dirige de diferentes formas a leitores de diferentes idades.
Outros títulos do autor lançados no Brasil
É isso. Com o estilo característico de Jostein Gaarder, leve e fluido, a história traz um charme irresistível. Estamos diante de um "conto de fadas moderno", plausível, sem apelos fantasiosos.
Por fim, resta dizer que A Garota das Laranjas superou fácil O Mundo de Sofia, que era o único livro de Gaarder que eu havia lido até então. Não que o livro mais famoso do autor seja ruim ou vazio, longe disso. Apenas não me cativou tanto quanto o que li nesse feriado. O Mundo de Sofia me pareceu algo muito didático, uma obra que está mais para manual do que para romance propriamente dito. Não é à toa que o livro será usado como "apostila de estudo" em algumas escolas do Brasil, com o advento da disciplina Filosofia na grade curricular.
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Eu soube agora mesmo que há uma espécie de filme de A Garota das Laranjas, intitulado Appelsinpiken (título original do livro). Ao que tudo indica, é norueguês, e não teve repercussão alguma por aqui pelo Brasil. Quem conseguir baixá-lo pela Internet, por favor, me avise.
Cara, eu gostaria de baixar o filme. Me interessei. =D
ResponderExcluirFala, Rafael! :D
ResponderExcluirValeu pela visita, cara!
Já leu o livro? Se não, aconselho ler primeiro, antes de irmos atrás do filme. rs
Abração!
Gostei do teu blog, cara.
ResponderExcluirAinda não li o livro. Vou ver se encontro com amigos pra ler. Obrigado pela dica. =D
Abraço.
Poxa, que bom que você gostou... Obrigado! :D
ResponderExcluirSe você conseguir o livro, não esqueça de passar aqui de novo para dizer o que achou dele... huaha
Abraço, seja sempre bem-vindo aqui!
Marlo, parabéns pelo comentário, realimente deve ser um livro atrativo e cativante sua leitura!.
ResponderExcluirAbraços.
Olá, Gustavo!
ResponderExcluirRealmente é um livro muito bom. Recomendo!