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11 outubro 2010

O homem terminal, de Michael Crichton

"As máquinas estão em toda parte. Elas costumavam ser os servos do homem, mas agora começam a dominar, de forma muito sutil." (p. 84)

O homem terminalMichael Crichton

Hoje pela manhã eu finalizei a leitura do romance O homem terminal (The terminal man, 1972), assinado pelo famosíssimo escritor norte-americano Michael Crichton, vítima de um câncer que levou sua vida no final de 2008. Para trás, ele deixou obras como o best-seller Jurassic Park e o intrigante Esfera.

Já li praticamente toda a obra desse autor, incluindo o seu primeiro romance, Um caso de necessidade, feito sob o pseudônimo de Jeffery Hudson. Até agora, possuo mais livros dele do que de qualquer outro autor.

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Sinopse: Uma lesão cerebral, resultado de um acidente automobilístico, causa sérios danos ao especialista em ciência da computação Harry Benson. Ele começa a apresentar sintomas de uma doença que provoca súbitos ataques de violência, a Lesão Desinibitória Aguda (LDA).

Numa tentativa de controlar esses impulsos de agressão, Benson é submetido a um revolucionário método cirúrgico em que eletrodos são implantados em seu cérebro. O objetivo do time de cirurgiões de Los Angeles, responsáveis pela experiência, é conter através de um microcomputador as perigosas crises homicidas do paciente. A cirurgia, porém, não é bem-sucedida.

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O homem terminal é o segundo romance de Crichton e o primeiro que realmente mistura medicina pura com ficção científica. Eu consegui trocá-lo no site Trocando Livros (www.trocandolivros.com.br) por um que eu tinha e não gostava muito, O jogo das horas, de David Baldacci. Valeu a pena. Crichton é mais instigante.

O homem terminal é um livro de começo lento, paulatino, em que muitas explicações são dadas e quase nenhuma ação é narrada. No entanto, isso não é problema; as coisas explicadas no começo são muito interessantes, principalmente para quem é ligado à área de medicina ou psicologia.

Além do mais, esse "começo lento" só faz o livro ficar mais verossímil, na minha opinião. A ação propriamente dita, que só tem início um pouco após a metade do romance, parece mais realista depois que o autor expôs uma série de detalhes teóricos acerca da doença de Harry Benson e do tratamento que fora realizado nele – ou seja, no começo da obra.

Edição norte-americanaPôster do filme

Edição norte-americana e pôster do filme

Os pensamentos do personagem McPherson sobre um super-computador composto por tecido orgânico, por exemplo, colocam o leitor para refletir um pouco sobre a tecnologia atual e até onde ela é capaz de ir. O que mais me impressiona nos livros de Crichton – e no O homem terminal em especial – é que eles foram escritos há muito tempo e falam sobre coisas que para nós, leitores do século XXI, ainda parecem absurdas, embora verossímeis.

Esse é um dos poderes dos livros de Crichton: falam sobre coisas que achamos absurdas mas, lá no fundo, sabemos que é só uma questão de tempo para vê-las surgir no mundo.

Gostei bastante da dra. Janet Ross, a psiquiatra que cuida de Benson. Sua personalidade é agradável e nota-se que o autor a tem como sua criação preferida da história. O próprio Harry Benson também me pareceu um vilão digno de nota, o tipo do vilão que é vilão por uma causa externa, não-intencional.

Por fim, acho que o leitor aproveita mais a obra de Crichton se souber da relação do autor com a medicina. Em resumo, pode-se dizer que Crichton abandonou a faculdade de medicina porque não gostava do método frio e distante dos médicos durante o tratamento de seus pacientes, vendo-os mais como objetos do que como pacientes. E é a essa crítica aos médicos que o escritor pareceu dar mais importância nos seus primeiros livros. Para maiores detalhes, basta conferir seu livro Álbum de viagens.

Assim, O homem terminal trata da mesma coisa: pacientes que são tratados como objetos da medicina, como "coisas" interessantes para o meio médico acadêmico.

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Conclusão: Um romance instigante. Altamente recomendado.

6 comentários:

  1. Me pareceu bem promissora a idéia central da trama, assim como o fato de o personagem principal ser um anti-heroi. Por mais que aparenta ser necessária, não gosto muito de explicações longas e arrastadas(ainda mais focadas em medicina e psicologia), pior ainda se tomar praticamente metade da obra...

    Mas de qualquer maneira pareceu bem interessante, vou ver se leio num futuro. E nesse texto ficou bem mais balanceado o que você achou do livro e os "fatos concretos" do mesmo, gostei :D

    Abraço!

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  2. Olá!

    Sim, a sinopse também me parece bem atrativa! rsrs
    Nos livros do autor sempre aparecem essas explicações longas, então eu meio que me acostumei já, e passei até a gostar. :)

    O texto ficou mais balanceado, né? haha
    Valeu. :D

    Abraço!

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  3. Olá, parabéns pelo texto, esse livro realmente é marcante, e pra mim, altamente recomendável.

    Li esse livro em um fim de semana, porque simplesmente não conseguia parar de ler.

    E, apesar da ação em si demorar para começar, posso dizer, que no meu caso, foi positivo, por dois motivos: as explicações do autor são extremamente interessantes; e fiquei ansioso, pensando, "o que vai acontecer??". A história vai se desenrolando naturalmente, e quando se vê, você já está no meio da aventura.

    Minha conclusão: é um livro fantástico, quando terminei de ler eu pensei, "como o autor conseguiu pensar nisso...e ainda mais na década de 70!". Incrivel.

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  4. Olá, Alex! Valeu pela visita.

    Sem dúvida, 'O homem terminal' é um dos romances mais interessantes do Crichton. Tudo o que você disse é verdade: as explicações do autor são muito interessantes, e ele mantém o suspense o tempo todo. Adorei.

    É isso. Seja sempre bem-vindo!

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  5. Pô, muito obrigado. Gostei muito do blog, achei vários livros que li (e gostei), e vi outros que estou interessado em conhecer.

    Parabéns mesmo pelo trabalho.

    Um abraço.

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  6. Alex, fico bastante feliz em saber que você encontrou o que queria aqui, e, ainda por cima, gostou do meu trabalho! É muito gratificante ouvir isso.

    Passe por aqui sempre que quiser!

    Grande abraço.

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