É meio difícil você não ter pelo menos um dos dois.
Não sei bem por que este episódio ficou gravado de forma tão nítida na minha cabeça, mas a verdade é que me lembro dele como se fosse ontem: eu tinha uns 12 ou 13 anos de idade e estava deitado na cama do meu quarto, quando meu pai chegou do trabalho com uma revista semanal conhecida e a pôs sobre a mesa do hall. Levantei e, curioso, fui lá conferir. Na capa da revista havia uma série de estrelas amarelas estilizadas, acompanhadas de uma manchete enfática: Orkut – Como entender esse fenômeno?
Enquanto eu folheava a revista, tentando entender que fenômeno de nome estranho era esse, meu pai falava algo sobre o futuro das relações sociais. Sobre como as pessoas estavam, cada dia mais, se isolando fisicamente e se aproximando virtualmente – o que, em outras palavras, atendia pelo nome de globalização no século XXI. Utilizando como exemplo o Orkut, meu pai dizia que estávamos testemunhando uma nova era, a Era da Comunicação Virtual. Hoje vejo que ele estava certo, embora nem eu, nem ele próprio, nem minha mãe (que participava da conversa nesse dia) pudéssemos ter um vislumbre do que estava ainda pela frente.
Abri minha conta no Orkut pouco tempo depois. Comecei a participar desse grande fenômeno mundial um ou dois anos após ler a matéria da revista. Fui impulsionado, como sempre, pelos meus amigos mais próximos. Uma de minhas amigas me disse "Não acredito que você não tem Orkut" e me chamou para participar da sua rede social; ainda na época (vale ressaltar) em que as pessoas tinham que ser convidadas por outras para entrar no Orkut.
Sendo assim, peguei o Orkut desde o início. Ele ainda era azul e cor-de-rosa, as pessoas tinham porcentagens nos quesitos sexy, inteligente e confiável, você só podia postar doze fotos no único álbum disponível, depoimentos eram coisas sérias, as pessoas tinham que abrir o perfil alheio para responder os recados, a primeira letra do nome das comunidades era formada por silhuetas de bonequinhos… etc. Peguei o Orkut desde o início, mesmo.
Como todo mundo sabe, muita coisa mudou desde então. Para melhor, naturalmente. A interface do site ficou mais enxuta, mais organizada, apenas em tons de azul. Você pode postar quantas fotos quiser e ainda marcar seus amigos nelas. Aliás, você pode esconder seu álbum, se preferir. Conforme os usuários foram ficando mais exigentes, mais atualizações foram feitas no Orkut, e assim ele conseguiu prender um grande número de pessoas, a despeito das novas e atraentes redes sociais que despontavam na Web.
O Facebook certamente é o "rival" mais conhecido do Orkut. Enquanto este último contava com a esmagadora maioria de brasileiros na rede, aquele era bastante difundido nos Estados Unidos e na Europa, e fazia um tremendo sucesso por lá. Inevitavelmente, o Facebook conquistou os brasileiros também (coisa recente) e agora o site de relacionamentos criado pelo turco Orkut Buyokkokten está testemunhando uma sutil mas notável migração de usuários para a rede de Mark Zuckerberg.
Eu tenho as duas contas. E acho isso estranho.
De uns tempos para cá, eu criticava muito o Facebook – tenho que admitir isso. Achava que mais uma rede social era apenas mais uma rede social, que as coisas mudavam apenas de aparência e de nome, mas a essência era basicamente a mesma – mandar recados para os amigos. Não é. Facebook e Orkut são tecnicamente bem diferentes um do outro; cada um tem suas vantagens e desvantagens.
Começou do mesmo jeito: amigos meus, impressionados pelo fato de eu não possuir uma conta no Facebook, insistiram para que eu abrisse uma. Depois de algum tempo, foi isso o que fiz de fato, mas com uma idéia inicial de reserva na cabeça: "sou apenas um observador, não vou interferir ativamente no site". No segundo dia eu já estava postando dezenas de coisas, tinha um perfil muitíssimo completo, havia curtido vários comentários, ingressado em eventos e participado de grupos.
O Facebook é uma mistura equilibrada de Twitter, MSN e Orkut. Pelo menos é assim que eu encaro o site. Em suma, você posta suas coisas no seu mural para quem quiser ver (com as devidas configurações de privacidade); qualquer pessoa autorizada por você pode comentar ou curtir suas postagens; você pode iniciar uma conversa em tempo real a partir desses comentários, com vários colegas interagindo ao mesmo tempo, o que dá a sensação de conversa de roda; você pode publicar vários materiais de seu interesse para as outras pessoas verem. E assim por diante.
O Facebook é uma boa ferramenta, sim, não só para se divertir conversando com os amigos, mas também para otimizar grupos de estudo e/ou trabalho. É uma rede social cativante, sem dúvida. Tem grande mérito.
Mas ainda vou ficar com minha lendária conta no Orkut por dois motivos: lá eu possuo uma comunidade do filme O show de Truman, com mais de três mil pessoas, e posto regularmente nos diversos tópicos das muitas outras comunidades de que participo, alavancando discussões com os demais membros. Isso no Orkut é bem bacana, e é algo que não está presente no Facebook – pelo menos não na forma convencional.
Qualquer coisa eu passo a aceitar e utilizar hoje em dia. Menos Twitter: isso é meio sem sentido para mim, ainda. Aliás, totalmente sem sentido. Por que o sujeito vai se limitar a 140 caracteres por postagem? Para que ter um monte de gente seguindo o que você diz? Isso soa meio perigoso pra mim.
Mas vou fechar o bico. Vai que daqui a alguns meses eu abra uma conta no Twitter…
Parabéns pelo post. Você falou muito do que eu mesma acho sobre o facebook, um site de relações sociais viciante pra nossa geração, por suprir msn, twitter e na maior parte o orkut também!! em relação ao twitter, já tive um, esqueci minha senha porque mal entrava e nunca me fez falta. Se soubesse da sua comunidade no orkut teria mantido o meu, era a única coisa interessante do orkut, as comunidades e seus tópicos, sem contar que podemos ser "DONO" delas né! Beijo :* e parabéns pelo conjunto de ideias que seu blog passa! :DD
ResponderExcluirMarlo, este é um tema interessante pois estas redes sociais aproximas as pessoas (amigos de escola, familiares distantes, etc). Todavia a participação nas comunidades, falando do orkut, tem se tornado monótona visto que os membros não debatem.
ResponderExcluirTambém acredito que vivemos numa correria tamanha que se formos participar de todas redes que existem e virão a existir, nos faltará minutos para teclar.
De qualquer forma, tudo é bom quando aproxima as pessoas e são usada para gerar o bem.
abraços,
G. J. Barbosa
Olá, Gustavo!
ResponderExcluirO estudo sobre as redes sociais e o impacto que elas têm sobre as relações humanas é interessante, de fato. Acabamos entrando em um mundo virtual que pouco tem a ver com a realidade.
Abraços!