"A maior sabedoria é ter o presente como objeto maior da vida, pois ele é a única realidade, tudo o mais é imaginação." (p. 76)
Foi depois do sucesso de Quando Nietzsche chorou que eu comecei a ver os outros livros do autor Irvin D. Yalom serem lançados por aqui pelo Brasil.
Na semana passada, contrariando meu hábito de não ler nenhum tipo de literatura no período de aulas, eu comecei o romance A cura de Schopenhauer (The Schopenhauer cure, 2005), e o terminei ontem.
A leitura foi feita em conjunto com minha queridíssima amiga Gleici Ketlem, leitora de livros tão voraz quanto eu. Te adoro, Gle! :)
Sinopse: Ao descobrir-se portador de um câncer fatal, Julius Hertzfeld faz uma avaliação de sua longa carreira como psicoterapeuta e decide procurar seu maior fracasso – um antigo paciente chamado Philip Slate, viciado em sexo que curou a si mesmo seguindo as doutrinas de Schopenhauer – e o convida a participar de sua terapia em grupo.
A presença de uma ex-conquista de Philip, que o odeia pela frieza com que a descartou, obriga-o a encarar o passado e desencadeia conflitos entre os pacientes e acirradas discussões filosóficas com Julius.
De Irvin D. Yalom eu só havia lido Quando Nietzsche chorou, que recebi de presente do meu amigo padre Alfred – alemão que estuda comigo na universidade. A história é um misto de ficção e fato, em que o analista Joseph Breuer (mentor e amigo de Sigmund Freud) trata um paciente mais que extraordinário: ninguém menos que o filósofo Friedrich Nietzsche, portador de uma angst terrível. Enquanto o maduro Breuer analisa Nietzsche sessão após sessão, vemos um Freud jovem e cheio de expectativas ter os seus primeiros insights sobre a teoria do inconsciente.
Em A cura de Schopenhauer, temos um enredo bem menos ambicioso. Não é um épico, e as personagens não são figuras importantíssimas das ciências humanas, como ocorre no Quando Nietzsche chorou. Estamos diante de um enredo mais linear que o do best-seller do autor, mais enxuto, talvez, mais descomplicado. Mesmo assim, mesmo com essa simplicidade aparente, digo que gostei mais deste, A cura de Schopenhauer.
O livro é ótimo. Mas sou de certa forma suspeito para falar isso, porque, na condição de estudante de Psicologia, me interesso por temas que nem sempre interessam a terceiros. Isso não significa, óbvio, que quem não é do ramo da Psicologia não vai gostar do livro que acabei de ler ontem. No entanto, é aconselhável que o leitor tenha pelo menos um mínimo de interesse por psicoterapias, psicologia, filosofia e coisas afins.
Capa de Quando Nietzsche chorou e foto de Arthur Schopenhauer
Um dos maiores atrativos do livro são os capítulos em que Yalom conta a vida de Schopenhauer, de maneira resumida e voltada para curiosidades sobre esse excêntrico filósofo alemão. Esses capítulos são como que inseridos à parte na história, geralmente alternando com os capítulos em que se narra o enredo propriamente dito. A biografia de Schopenhauer é destilada com leveza e graça, e isso é um ótimo ponto de apoio para quem está lendo o livro, além de ser fonte cheia para quem está atrás de saber algo sobre a vida desse homem.
De um modo geral, A cura de Schopenhauer é um livro que só se passa em um único cenário, salvo na ocasião em que se narra a viagem de Pam à Índia. Fora isso, todo o drama dos personagens tem lugar na sala da terapia de grupo, o que, para uns, pode ser extremamente monótono e desinteressante. Realmente, acho que Yalom poderia ter expandido mais o palco e ter mostrado a vida dos personagens mais para além do grupo terapêutico. Erro dele? Não necessariamente. Apenas uma preferência em dar ênfase à psicoterapia.
Cada capítulo é iniciado com um trecho da obra de Schopenhauer, todos muito bonitos e reflexivos. Um que achei bastante especial foi o seguinte:
A vida pode ser comparada a um bordado que, no começo, vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos. p. 238
Em suma, adorei A cura de Schopenhauer, livro que achei mais interessante do que Quando Nietzsche chorou, best-seller de Irvin D. Yalom. Agora fiquei com mais vontade de ler os escritos de Schopenhauer; eu já tinha lido A arte de escrever, que achei belíssimo. Talvez eu vá atrás de O mundo como vontade e representação.
Conclusão: interessantíssimo para quem quer ler algo sobre psicoterapia ou filosofia. Nesse aspecto, recomendadíssimo.
Bom Marlo Renan, tenho que te dizer que o livro é realmente muito interessante (você ja sabe minha opinião, mas deixe eu dizer novamente), inclusive para pessoas leigas como eu em assunto de psicologia e afins. E esse é um ponto muito genial da obra, atrair diversos públicos, e encanta-los com um assunto que cativa, impulsiona e deixa nossa mente cheia de vontade de saber mais e mais.
ResponderExcluirEnfim, adoro vc tbm! Amore!
E que descubramos muitos outros livros tão bom e impolgante quanto esse
;)
Um dos livros da minha vida. Foi muito marcante para mim e já o li várias vezes.
ResponderExcluirSimplesmente adorei o Julius e concordo quando dizem que o Philip é uma fantástica personagem.
Leiam que vale a pena!
http://portugues.free-ebooks.net/ebook/A-cura-de-Schopenhauer