"Para Sócrates, todas as pessoas são capazes de entender as verdades filosóficas (…)" (p. 95)
Como eu expliquei nas postagens anteriores, enquanto a resenha do romance que estou lendo atualmente ainda não fica pronta (agora que estou na metade do livro), escrevo aqui artigos sobre obras que li anteriormente, há muito tempo atrás, em uma época em que esse blog ainda não existia.
Faço essas resenhas sobre obras que li no passado por dois motivos: para o Artigos Efêmeros não passar as semanas em branco e para eu enxergar tais obras sob um novo ponto de vista, agora que estou com uma mente mais amadurecida (?).
E o romance escolhido dessa vez foi o célebre, aclamado O mundo de Sofia (Sofies Verden, 1991), escrito pelo filósofo norueguês Jostein Gaarder (pronuncia-se algo como "Iôsteim Gárdir"), autor também de livros infantis conhecidos, como Hello! Is anybody there?
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Sinopse: Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para uma tal de Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece.
O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado.
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Assim que me mudei para a casa em que estou morando agora, meu tio veio me visitar e trouxe, para que eu pudesse ler nas férias, três livros de uma vez só. Eram eles: O apanhador no campo de centeio, O código Da Vinci e O mundo de Sofia. Como um bom sobrinho, li todos eles, e gostei de todos, em maior ou menor grau.
(Aliás, fiquei tão fascinado com O código Da Vinci que não me contentei em não ter o livro e corri à livraria mais próxima para comprá-lo e adicioná-lo à minha estante. Meu tio ficou com cara de besta quando soube e nunca mais me emprestou uma revista sequer.)
Nessa época, quando li O mundo de Sofia, eu ainda estava no Ensino Médio; tinha uma namorada desvairada, que detestava filosofia e qualquer outro "assunto nerd" e tinha também um amigo amante de Sócrates, Hegel e Charles Bukowski. Minha leitura do livro serviu de base para acaloradas discussões que tivemos sobre a concretude da alma e o conceito abstrato da realidade.
Quem lê O mundo de Sofia procurando sobretudo uma história qualquer, achando que vai encontrar um romance normal, vai se decepcionar. Fato. Aliás, é por isso que muita gente odeia esse livro: lê achando que é um romance, quando, na verdade, é mais uma espécie de manual de filosofia, em cujas páginas vez ou outra vislumbramos um raio de história. História essa que, por sinal, soa bastante confusa quando é lida pela primeira vez.
Percebe-se que o escopo principal de Gaarder nesse livro é ensinar um pouco da filosofia e sua importância, e, nesse sentido, ele se sai muito bem. Temos em O mundo de Sofia um panorama amplo da filosofia ocidental, desfiada de uma maneira introdutória e instrutiva, indo desde os filósofos pré-socráticos (Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito etc.) até pensadores mais modernos, como Nietzsche e Freud, passando por Darwin, Hegel e outros. Para quem quer se iniciar na filosofia e ter um mínimo conhecimento como base, esse livro é um prato cheio, altamente recomendado.
Por sinal, lembro que recorri a ele para estudar a teoria de Darwin e Lamarck para fazer uma prova de Biologia. Ajudou bastante. Lembro também que, algum tempo depois, fui direto às páginas destinadas a Freud para revisar o conteúdo de uma disciplina de Psicologia. Pesquisei, também, algum tempo depois, algo sobre os pré-socráticos, enquanto cursava a Filosofia.
Conclusão: é um livro muito recomendado, mas cuidado para não abri-lo já procurando uma trama normal. O que o leitor vai achar, essencialmente, são pinceladas da filosofia ocidental ao longo dos séculos, uma espécie de guia literário para a Filosofia. É bom ter sempre isso em mente e não ficar na expectativa de uma historinha best-seller habitualmente atrativa.
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Abaixo, relacionei um trecho de episódio da série norueguesa Sofies verden, baseada no romance de Gaarder. Muito interessante.
Pois na época que li O Mundo de Sofia aconteceu justamente isso: eu pensava que era um romance normal, com toques de filosofia e encontrei justamente o contrário. Lembro até declarei que gostei do livro, mas depois de um tempo reavaliei que na verdade só o fiz para agradar a pessoa que me emprestou o livro.
ResponderExcluirPra mim o maior problema foi ser o fato de ser cansativo. As explicações filosóficas eram bem longas, perdi o fio da meada várias vezes. Talvez eu tenha lido de maneira incorreta, parece ser um livro que tem que ser apreciado em doses. E pra mim a "história" é completamente frustrante.
Talvez se eu relesse hoje eu teria uma opinião diferente, claro se lendo da maneira correta.
Abraço!
Olá! :D
ResponderExcluirRealmente, nesse livro, as explicações sobre filosofia são longas e cansativas... Chega um ponto em que elas não passam de diálogos ininterruptos entre o professor e Sofia, e a história é meio que deixada de lado.
Na hora que eu estava começando a gostar da trama, vinha uma explicação filosófica e tirava mesmo o fio da meada. Achei também frustrante os momentos finais do livro, a história literalmente perdeu o sentido depois de um tempo.
Mas, claro, eu tive essas opiniões há muito tempo, há muitos anos. Hoje já vejo o livro com outros olhos, e meio que o "perdôo"... hehe. Aí fico com a opinião que dei na resenha: recomendado, mas o leitor deve se informar melhor antes de lê-lo.
Abraço!