No mais, acho fascinante a maneira com que Michael Crichton construiu a história de O Parque dos Dinossauros: usou um elemento que repousa ainda firmemente no mundo da fantasia (recriação genética de dinossauros) inserindo-o em um contexto surpreendentemente palpável e verossímel (construção de um parque temático para abrigar as criaturas, regido por um velho ambicioso e salafrário). O resultado é que, durante a leitura, diante de inúmeros argumentos convincentes, o leitor de fato acredita que os dinossauros podem ser recriados geneticamente através da paleo-clonagem. E a história toda do livro, apesar de aparentemente "absurda", ecoa no nosso cérebro de uma forma real e assustadoramente factível.
Na verdade, não é a primeira vez que isso acontece comigo ao ler um livro de Crichton. Depois de Linha do Tempo, por exemplo, eu podia jurar de pés juntos que uma viagem temporal envolvendo seres humanos era possível. Crichton faz isso mesmo, em todos os seus livros: compartilha conosco uma de suas idéias inauditas, e lança-nos em um contexto tão real que achamos que aquela história de fato é praticável. Como viajar no tempo. Como clonar dinossauros. E por aí vai.
Como eu já disse em um post anterior, é extremamente desagradável para mim falar sobre um livro de que gostei tanto. Muitos detalhes vêm à minha cabeça, e nem sempre os dedos conseguem acompanhar o ritmo da enxurrada de opiniões que se formam na minha cabeça. De qualquer forma, caso estejam procurando um bom livro para ler, indico O Parque dos Dinossauros sem restrições. É uma leitura fascinante, garanto. (Mesmo sendo uma obra rara atualmente, não se preocupem: a editora Rocco irá relançá-lo em parceria com a editora L&PM Pocket).
O trecho do romance que eu colocaria aqui no final certamente seria uma das falas do cientista matemático Ian Malcolm, que, apesar de ser um evidente pessimista, discorre sobre assuntos que são pertinentes no mundo de hoje.
- Testemunhamos o fim da era da ciência. A ciência, como qualquer outro sistema fora de moda, está se destruindo. Conforme adquire mais poder, mais se mostra incapaz de lidar com esse poder. Porque as coisas estão acontecendo muito depressa atualmente. Há 50 anos, todos ficaram de queixo caído por causa da bomba atômica. Aquilo sim era poder. Ninguém poderia imaginar algo além dela. No entanto, menos de uma década depois da bomba, começamos a ter poder genético. E o poder genético é muito mais potente que o poder atômico. E estará ao alcance de todos. (...)
Ou:
- Todas as grandes mudanças são como a morte - Malcolm afirmou. - A gente só enxerga o outro lado quando chega lá.
O grande personagem de Crichton é Ian Malcolm e sua inesquecível 'teoria do caos". Com bom humor, ironia e frases impactantes Malcolm ajuda a diminuir o caos formado no parque.
ResponderExcluirP.S. não sei se você já leu "Mundo Perdido". Até agora é o melhor livro de Crichton que já li, juntamente com "O Parque dos dinossauros" =)
Ian Malcolm certamente é o personagem mais memorável de todos os que Crichton já concebeu... hehe. Ele "rouba a cena" em todos os trechos do livro nos quais aparece. Muito bom ler suas reflexões sobre a ciência.
ResponderExcluirJá li "Mundo Perdido", sim. Um livro excelente! Achei a ressurreição de Malcolm um pouco forçada, mas, no frigir dos ovos, é uma aventura das boas. Sem dúvidas.
Acho que meu segundo livro favorito do autor é "Esfera". Já leu? Acho a história fascinante.
Grande abraço, e obrigado pelas visitas :)
Tenho muita vontade de ler "Esfera", vou ler assim que tiver a oportunidade, livro muito dificil de ser encontrado rsrs.
ResponderExcluirO ultimo livro de Crichton que li foi "Estado de Medo" que é excelente.
abraços.
É verdade, 'Esfera' é bem difícil de achar... rsrs. Mas eu recomendo o site 'Estante Virtual'. Como lá tem tudo, creio que tenha também esse do Crichton. :)
ResponderExcluirAbraços!