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28 abril 2009
Dance Dance Dance, de Haruki Murakami

13 abril 2009
O Parque dos Dinossauros (Parque Jurássico), de Michael Crichton

No mais, acho fascinante a maneira com que Michael Crichton construiu a história de O Parque dos Dinossauros: usou um elemento que repousa ainda firmemente no mundo da fantasia (recriação genética de dinossauros) inserindo-o em um contexto surpreendentemente palpável e verossímel (construção de um parque temático para abrigar as criaturas, regido por um velho ambicioso e salafrário). O resultado é que, durante a leitura, diante de inúmeros argumentos convincentes, o leitor de fato acredita que os dinossauros podem ser recriados geneticamente através da paleo-clonagem. E a história toda do livro, apesar de aparentemente "absurda", ecoa no nosso cérebro de uma forma real e assustadoramente factível.
Na verdade, não é a primeira vez que isso acontece comigo ao ler um livro de Crichton. Depois de Linha do Tempo, por exemplo, eu podia jurar de pés juntos que uma viagem temporal envolvendo seres humanos era possível. Crichton faz isso mesmo, em todos os seus livros: compartilha conosco uma de suas idéias inauditas, e lança-nos em um contexto tão real que achamos que aquela história de fato é praticável. Como viajar no tempo. Como clonar dinossauros. E por aí vai.
Como eu já disse em um post anterior, é extremamente desagradável para mim falar sobre um livro de que gostei tanto. Muitos detalhes vêm à minha cabeça, e nem sempre os dedos conseguem acompanhar o ritmo da enxurrada de opiniões que se formam na minha cabeça. De qualquer forma, caso estejam procurando um bom livro para ler, indico O Parque dos Dinossauros sem restrições. É uma leitura fascinante, garanto. (Mesmo sendo uma obra rara atualmente, não se preocupem: a editora Rocco irá relançá-lo em parceria com a editora L&PM Pocket).
O trecho do romance que eu colocaria aqui no final certamente seria uma das falas do cientista matemático Ian Malcolm, que, apesar de ser um evidente pessimista, discorre sobre assuntos que são pertinentes no mundo de hoje.
- Testemunhamos o fim da era da ciência. A ciência, como qualquer outro sistema fora de moda, está se destruindo. Conforme adquire mais poder, mais se mostra incapaz de lidar com esse poder. Porque as coisas estão acontecendo muito depressa atualmente. Há 50 anos, todos ficaram de queixo caído por causa da bomba atômica. Aquilo sim era poder. Ninguém poderia imaginar algo além dela. No entanto, menos de uma década depois da bomba, começamos a ter poder genético. E o poder genético é muito mais potente que o poder atômico. E estará ao alcance de todos. (...)
Ou:
- Todas as grandes mudanças são como a morte - Malcolm afirmou. - A gente só enxerga o outro lado quando chega lá.
03 abril 2009
Pollyanna, de Eleanor H. Porter

Sinopse: Miss Polly Harrington é uma rica e sisuda senhora de quarenta anos de idade, que vive em uma próspera mansão sobre as verdejantes colinas do Leste dos Estados Unidos, em agradável zona rural. Ela é uma mulher irascível e solitária, que somente divide os aposentos da casa com os poucos empregados: Nancy, a secretária do lar; Mr. Tom, o velho e fiel jardineiro; e o jovem Timothy, sobrinho de Tom e responsável pelo deslocamento das pessoas até a cidade mais próxima.
Eis que Miss Polly fica surpresa - e indignada - com a repentina notícia da vinda da sobrinha Pollyanna, que, após perder pai e mãe, busca acolhimento na mansão de sua tia. No entanto esta última - acostumada à solidão e tendo aversão à sociedade - trata Pollyanna com aspereza e indiferença, até que o otimismo incurável da criança a faça rever os próprios conceitos.
Pollyanna não é um livro para aquelas pessoas que costumam inserir ao hábito da leitura certo anacronismo social; não é um livro para aqueles que buscam em uma obra do início do século passado costumes atuais, tramas contemporâneas e enredos originais. A história do presente romance fala sobre uma garotinha de 11 anos de idade que procura ser feliz o tempo inteiro, vendo o lado bom das coisas em praticamente todas as situações. E isso, para nós contemporâneos, já é algo bem batido, eu suponho, de modo que não desperta o interesse em muitos leitores.
De qualquer forma, o livro foi escrito em 1913 e teve imediato sucesso editorial, não sem mérito. O enredo da história, embora simples, é bem amarrado, e isso faz com que nos atenhamos de modo fixo à leitura. Em determinado momento, chegamos a nos perguntar: "E agora? O que será que vai acontecer com esse personagem? E esse?" Mesmo com poucos elementos, a obra tem vida e consegue cativar as pessoas com uma bela narrativa frugal, clássica, que Eleanor soube tão bem construir e conduzir.
O otimismo irreversível de Pollyanna é devido a um curioso jogo inventado pelo seu falecido pai, o famoso "jogo do contente", que tinha como objetivo fazer com que os participantes descobrissem algo para ficarem contentes em uma situação de extremo revés. Em memória ao pai, Pollyanna dá prosseguimento à brincadeira, procurando minúcias em tudo para ficar contente - mesmo quando, às vezes, isso é impossível - e passa a ensinar o jogo a todas as pessoas da pequena cidadezinha onde vive, convencendo-as a jogar também e a ver o quanto suas vidas podem ser boas.
Eu adorei o livro. Como disse antes, Pollyanna é um dos pioneiros do gênero romântico infantil e, por esse motivo, não é uma auto-ajuda piegas. Meu irmão - anacrônico - não compartilhou essa visão e olhou para o título na capa balançando a cabeça em negativa, dizendo que eu estava mesmo sem opções de leitura. Retruquei dizendo-lhe que aquele era um clássico, assim como O Grande Gatsby e Vinte Mil Léguas Submarinas - todos eles têm o seu valor próprio. Meu irmão não deu o braço a torcer e comentou que eu deveria ler coisas "menos bobas e infantis". Bem, gosto não se discute.
- Muletas?
- Sim. Sabe, eu queria uma boneca, e meu pai havia escrito que a mandassem, mas quando o barril chegou, não havia bonecas, e sim um par de pequenas muletas. (...) Foi aí que começamos tudo.
- Bem, não entendo como é esse jogo... - disse Nancy, quase exasperada.
- O jogo era encontrar um motivo para ficar contente com todas as coisas, não importa o que fossem. E começamos ali mesmo, com as muletas.
- Eu não consigo ver nada para ficar contente com isso. (...)