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03 outubro 2011

Eu sou a Lenda, de Richard Matheson

"Do lado de fora, os vampiros esperavam." (p. 110)

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Anda acontecendo muita coisa na minha vida, tenho de admitir. Provas e trabalhos pesados na universidade, amigos de visita aqui em casa, aniversários para comparecer (dentre eles, o meu), estágios, saídas noturnas e muitas outras atividades andam tomando o meu tempo. Como conseqüência infeliz disso, o Blog ficou estagnado por duas semanas – o máximo de tempo permitido pela minha consciência.

Agora, a fim de atualizá-lo, escolhi a esmo um livro da minha estante para o qual pudesse escrever uma resenha. Então meus olhos caíram por acaso no romance Eu sou a Lenda (I am Legend, 1954), escrito pelo prolífico norte-americano Richard Matheson, conhecido autor do gênero terror e ficção científica fantasiosa.

A primeira vez que entrei em contato com essa história foi a alguns anos atrás, quando assisti com um amigo o filme homônimo estrelado por Will Smith e pela nossa adorável Alice Braga. Além de mim, muitas outras pessoas também passaram a conhecer Eu sou a Lenda assim. Aproveitando a viagem do bonde, a editora Novo Século lançou o romance de Matheson, que eu não tardei em comprar, já que havia adorado o que tinha visto no cinema.

O livro é excelente, sem dúvida.


Sinopse: Robert Neville é o último homem vivo sobre a Terra... mas ele não está sozinho. Cada outro homem, mulher e criança no planeta se tornou um vampiro, e todos estão famintos pelo sangue de Neville. De dia, ele é o caçador, caçando os não mortos adormecidos através das ruínas abandonadas da civilização. À noite, se entrincheira em sua casa e reza pela madrugada. Quanto tempo pode um homem sobreviver num mundo de assombração como esse?


Eu sou a Lenda foi o terceiro romance escrito por Richard Matheson, que, até o momento, já produziu quase trinta títulos. Neste livro, é possível identificar com facilidade os principais traços que o caracterizaram em sua carreira de romancista e contista: tendência ao suspense, ao terror, ao fantasioso e ao surpreendente. Ingredientes esses que são destilados em uma linguagem ágil, objetiva e ao mesmo tempo cheia de metáforas, seca, que se desdobra em frases às vezes longas mas incrivelmente categóricas.

O romance se divide em vinte e um capítulos de tamanho médio, que contam uma história bem diferente daquela vista no filme de Smith. Se o cinema adaptou a obra de modo que ela ficasse mais voltada para a ação, o livro em si é muito mais voltado para o intimismo, para a subjetividade de Robert Neville (o protagonista) e para o mistério que o ronda. Ao ler a história, vale perceber que Matheson constrói uma trama muito inteligente baseada nos mitos dos vampiros, sem se deixar levar por fantasias próprias que alterem essa mitologia já tão arraigada em nosso imaginário popular.

Li Eu sou a Lenda há muito tempo, mas lembro que um dos motivos que me levaram a gostar da história foi o de ela ser extremamente original. Eu ainda não tinha visto em outro lugar o fato de um personagem permanecer isolado das demais pessoas por quase metade da obra – e quando ele entra em contato com elas, nada promissor parece provável. Foi a primeira vez que me ocorreu a idéia de imaginar alguém sozinho e solitário em uma cidade destruída e abandonada, e essa idéia até hoje mexe com a minha imaginação.


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Cena do filme homônimo estrelado por Will Smith


De um modo geral, lembro de ter adorado a leitura desse livro. Serviu como uma espécie de oásis em meio aos árduos estudos do 3º ano do Ensino Médio, época em que o li. Fiquei com uma impressão muito agradável dele: é um romance interessantíssimo, que vale a pena ser lido por qualquer amante de histórias de vampiros. Na verdade, vale a pena ser lido por qualquer amante de boas histórias. Acredito que o valor literário de Eu sou a Lenda seja constatado assim que começamos a ler o livro.

A edição que comprei vem com uma coleção de contos de Richard Matheson, que podem ser lidos após a leitura do romance em si. Até hoje, acho engraçado o fato de eu ter caído numa espécie de pegadinha por causa disso. A editora não menciona essa coleção de contos em nenhum espaço da capa ou da contracapa, de modo que nem me passava pela cabeça que aquele volume que eu tinha nas mãos trazia uma série de contos do autor. Na capa há apenas "Eu sou a Lenda" como título, e nada parecido com "e outras histórias", de modo que o leitor é levado a crer que aquelas 300 páginas são todas da história principal.

Por fim, fica a dica para você que anda procurando um bom livro para ler: "Eu sou a Lenda", de Richard Matheson. Entretenimento garantido, sem dúvida. Matheson é um mestre em suspense, mistério e tensão. Não espere nada parecido com os filmes que foram feitos inspirados na história; três, ao total, se não me engano. Leia o livro como algo independente e conheça a história original que deu origem a eles.


Eu sou a Lenda (1954)

Richard Matheson

Editora Novo Século

Nota: 10/10

2 comentários:

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