Tenho a impressão de que Frances Scott Fitzgerald se destaca mais no campo da literatura rápida (contos) do que na área dos romances. Digo isso porque li, há alguns dias, duas de suas historietas mais famosas e gostei bastante delas: O Curioso Caso de Benjamin Button e O Boa-vida, ambos presentes na coletânea Seis Contos da Era do Jazz e Outras Histórias, lançada pela editora José Olympio recentemente.
Li apenas esses contos do livro, e isso se deu numa manhã qualquer de sexta-feira, quando eu voltava da universidade e visitava a minha livraria preferida. Encontrei a obra por acaso e a folheei interessado em achar O Curioso Caso de Benjamin Button. Li o conto em pé mesmo, vagarosamente, saboreando certas passagens, enquanto minha mochila castigava minha coluna. No final das contas, julguei o conto mais bem escrito que O Grande Gatsby, romance renomado do autor. Me parece que, quando Fitzgerald trabalha em poucas páginas, ele passa a ter um domínio melhor sobre a trama, as idéias se tornam mais coesas e interessantes, e suas frases têm um efeito maior.
Quanto ao texto em si, O Curioso Caso de Benjamin Button é completamente diferente do filme - como eu já havia suspeitado. No conto, Benjamin cresce(?) em casa, com o pai, coisa que não ocorre na trama da película. Somente esse fato já faz as duas histórias completamente diferentes. Também no conto, ele não conhece Daisy alguma, e sim uma mulher chamada Hildegarde Moncrief, com a qual casa-se e mantém uma relação instável, passando até mesmo a odiá-la depois.
Bem, não gostaria nem um pouco de estragar a surpresa daqueles que querem ler o conto. Portanto, leiam, pois a leitura é recomendada.
Em O Boa-vida, é-nos apresentado Jim Powell, um homem considerado "vadio" pelo narrador do texto e que mora em um quarto apertado sobre uma garagem da Tilly. Apesar da "vadiagem", Powell tem uma vida economicamente estável e participa de festas (marca registrada de Fitzgerald) sempre a convite de um amigo influente. Em uma das festas, certa noite, reconhece um rosto antigo: Nancy Lamar, amiga sua, uma bela e independente moça que há quinze anos não via.
Mais uma vez, considerei a escrita e a idéia da trama superior às de O Grande Gatsby. As frases do texto são tão simpáticas que eu as lia e relia várias vezes. Cheguei a ignorar a fome que me revolvia o estômago só para terminar a leitura do conto. Valeu a pena. Cheguei em casa e, ávido por mais leituras, encomendei Caçando Carneiros pela internet, do escritor japonês Haruki Murakami. Murakami é fã de Fitzgerald. E eu sou fã de Murakami.
P.S.: Durante certo período de sua carreira, Fitzgerald chegou a receber 14 mil dólares por cada conto que escrevia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito obrigado pela visita ao Gato Branco! Seu comentário será extremamente bem-vindo! :)