Uma lista do que poderá aparecer aqui no blog durante o mês de julho deste ano
Conheço leitores que compram livros e mais livros, uns atrás dos outros, e acabam confessando eles mesmos que não têm tempo suficiente para ler tanta coisa boa que aparece no mercado literário e que acaba indo parar nas suas estantes, o que, como consequência, produz pilhas e mais pilhas de livros não-lidos pelo chão da casa. Vou confessar uma coisa: não consigo ter esse espírito desenfreado e voraz plenamente desenvolvido. Minhas compras são comedidas até certo ponto, baseadas em orçamento financeiro, em tempo disponível e em nível de interesse, e a relação harmoniosa entre esses três elementos acaba reduzindo e muito minhas aquisições. Não consigo ver aquele livro não-lido parado em um canto da minha casa, acumulando poeira porque há dezenas de livros na fila das prioridades. Quando o livro cabe no bolso, quando sei que poderei lê-lo sem pressa e com cuidado e quando sei que as chances de gostar dele são possíveis, não hesito: levo para casa. Às vezes são feitos sacrifícios: edições de luxo, por exemplo, que abocanham nossa conta bancária mas que valem o esforço; ou na época em que disponho de apenas um exíguo final de semana para ler aquele Admirável Mundo Novo ou aquele Sete Anos no Tibet. [Ler nota no final desta postagem]
Os períodos que vão de fevereiro a junho e, no segundo semestre, de agosto a novembro, geralmente são os intervalos do ano que reservo para acumular os livros que lerei nas férias de julho e de dezembro, respectivamente. Embora eu sempre esteja lendo algo, seja lá o mês que for, é somente nesses intervalos sabáticos anuais que me proponho a ler obras realmente densas e volumosas, como Mar de Papoulas, do indiano Amitav Ghosh, ou Lá Onde os Tigres se Sentem em Casa, do francês Jean-Marie Blas de Roblès.
Eis o que o Gato Branco espera para as férias de julho:
Micro, de Michael Crichton
Michael Crichton, autor do célebre Jurassic Park, veio a falecer de câncer aos 66 anos enquanto estava escrevendo seu novo romance, Micro, espécie de survival na selva que parece ser uma mistura equilibrada e sã de O Mundo Perdido com Presa. Os originais da obra foram finalizados pelo conhecido romancista Richard Preston, autor de O Demônio no Freezer e Zona Quente.
A aura em torno do livro é auspiciosa. Afinal, trata-se de um thriller manipulado por quatro mãos, e os dedos são de dois autores populares e muito competentes. A ideia é potencialmente rica e pertinente, porque envolve os perigos que a ciência desenfreada alavanca quando tenta submeter as leis da natureza à ambição dos homens (ideia que, faça-se justiça, Crichton abordava em quase todos os seus livros). Vindo do autor de Esfera e Linha do Tempo, dois romances que li na infância e que me lançaram no universo literário de um modo geral, Micro é uma das leituras mais esperadas desse ano.
Anna Kariênina, de Liev Tolstói
Não tenho palavras para descrever a ansiedade que me cerca quando tenho no horizonte uma leitura do romancista russo Liev Tolstói, que é, sem dúvida, um dos melhores escritores de todos os tempos. Anna Kariênina foi transposto recentemente para o cinema e, nas telas, Keira Knightley encarna a personagem principal. Ainda não assisti ao filme de propósito, apenas para que não me sejam revelados quaisquer detalhes do enredo (muito embora eu já saiba o que ocorre no final da história).
Na obra, percorremos os grandes salões povoados pela alta burguesia russa entediada do século XIX, conhecendo figuras as mais diversas, assoladas pelas dúvidas que, independente da época e do lugar, assolam qualquer ser humano – principalmente quando o assunto é aquela paixão visceral que todos nós conhecemos muito bem.
Nos bastidores do Pink Floyd, de Mark Blake
Todos os que me conhecem razoavelmente bem sabem que aquela banda britânica conhecida como Pink Floyd é a minha favorita, ao lado de Dire Straits, Led Zeppelin e The Doors. Quando uma ex-namorada minha me ligou às pressas dizendo que havia acabado de chegar ao mercado brasileiro a biografia completa do conjunto de rock progressivo autor de The Dark Side of The Moon, minha primeira reação foi: não acredito. Era a época em que eu andava às voltas à procura de um documentário decente sobre Pink Floyd.
Pelas folheadas que eu já dei na obra de Blake, Nos bastidores do Pink Floyd parece ser um trabalho super sério e bem estudado, não incorrendo nas pieguices e nos deslizes comuns ao gênero. Desde The Piper at The Gates of Down até Division Bell, a história dessa lendária banda é contada nos mínimos detalhes, o que envolve entrevistas com os integrantes e o pessoal da produção. Essa é outra leitura pela qual mal posso esperar.
Inferno, de Dan Brown
Robert Langdon é, outra vez, o personagem central do mais novo livro do autor de O Código Da Vinci, e aqui o simbologista simpático e claustrofóbico se vê atado a uma trama que envolve a leitura de uma das obras clássicas da literatura mundial: A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Não tenho mais conhecimentos sobre o enredo, e acho que isso é interessante, pois sigo a máxima dos leitores de que "quanto menos instruídos e mais surpreendidos, melhor". A única coisa que sei, por enquanto, é que Langdon está no meio de todos esses mistérios e que os enigmas se baseiam no livro do ilustre italiano supracitado.
Mesma estrutura de história? Mesmo corre-corre de sempre? Ótimo. Dan Brown é o tipo de autor que consegue ser bom e surpreendente mesmo quando repete sempre a sua fórmula mágica. Não vejo a hora de revisitar a Europa cheia de mistérios que o autor não se cansa de nos mostrar – e que eu, particularmente, adoro.
[Nota: compradores vorazes de livros, não se sintam ofendidos. Esse consumismo literário é uma das coisas que mais gosto de observar e de admirar nas outras pessoas (sim, porque não há nada mais embevecedor do que ouvir alguém falando "Estou com trezentos livros lá em casa e não sei por onde começo". Comprar livros em demasia é um hábito saudável, até certo ponto. Só não consigo colocá-lo em prática, nem pretendo conseguir.
Olá,
ResponderExcluirpassei por aqui p/ da uma dica de livro. "O Cardume" de Frank Schätzing, considerado o Michael Crichton da Alemanha.
Aqui no Brasil infelizmente esse excelente livro foi lançando com essa capa e com esse título >> http://skoob.s3.amazonaws.com/livros/7044/O_CARDUME_1242773923P.jpg
quem ver pensa q o livro é sobre um maldito cardume de peixes assassinos que nem os filmes de horror trash, mas não tem nada a ver. procura pela resenha dele no skoob.
sou fã de Crichton, mas achei "O Cardume" melhor que todas as obras (que li até agora) do autor norte americano, só não é melhor que Jurassic Park.
O livro tem mais de 900 paginas, e acredite deveria ter mais para essa surpreendente obra. Preço é alto,mas vale a pena cada centavo, tive a sorte de um amigo me comunicar que esta a venda em um sebo, e comprei pela metade do preço.
tive raiva da editora brasileira na hora que vi as versões europeias com a capa e título bem fiel a história http://2.bp.blogspot.com/-iHwlwiLoTfE/T2IvdeAihCI/AAAAAAAAAkc/Sv2yL1wwsYE/s400/o_quinto_dia.jpga
fica a dica, abraços.
Caro Igor,
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado pela sugestão. 'Cardume' é um romance no qual minha atenção já estava voltada há algum tempo, principalmente pelo fato de que o autor fora mencionado como um escritor na linha de Michael Crichton.
Realmente, pela capa, cheguei a julgar que o livro fosse um thriller trash nos estilos filme B. Mas você confirmou minha convicção de que na verdade a capa mal-feita é que dá essa impressão ruim.
A capa estrangeira é milhões de vezes mais interessante e bonita.
Obrigado!
Grande abraço,
Marlo.
A proposito já li Micro, e como estudante de biologia e bom conhecedor da entomologia tenho certeza que se um bandos de humanos do tamanho de uma unha caísse em uma floresta tropical não ia ser do jeito do livro.
ResponderExcluirApesar de ter muitas falhas, achei um bom livro porque retrata a entomologia, mas não merece ser relido.
Igor,
ResponderExcluirComecei a ler 'Micro' há uns três dias e devo confessar que me decepcionei com o livro até agora. A história é contada de uma maneira tal que você não consegue acreditar em nada: nem na tal da tecnologia da Nanigen, nem no que ocorre aos humanos dentro da floresta. As intenções de Vincent Drake são totalmente despropositadas e difíceis de serem levadas a sério. Richard Preston escorregou justamente onde Crichton nunca escorregava: este último sempre fazia as histórias mais críveis possíveis, e em 'Micro' fica uma incômoda sensação de surrealismo e inverossimilhança. Sinceramente, até agora, foi o livro mais fraco que já li com o nome de Michael na capa.
Abraços e obrigado pelo comentário!